Se a ideia de jogo de um treinador é concretizada pelo talento e vontade dos jogadores, então o Rio Ave está, a olhos vistos, a cimentá-la. É verdade que nem sempre resulta. Mas faz-se por isso, sabendo que há um adversário do outro lado.

Esta noite, em Vila do Conde, resultou. Voltou a dar para quem ali manda. E de forma clara. A equipa de Miguel Cardoso nunca marcara tanto e venceu por 4-2 na receção a um P. Ferreira grosso modo privado de ideias, às vezes adepto dos intérpretes da casa. E só desperto com a entrada de Bruno Moreira para os últimos 20 minutos, que criou uma improvável incerteza no marcador.

No pós-eliminação da Taça da Liga, houve seis alterações em cada um dos onzes e estilos opostos à prova do sucesso.

Nestes, o Rio Ave entrou com certeza de sobra e agarrou-se ao modelo que tem sido um oásis de inovação e qualidade em Portugal. Posse de bola segura a toda a largura e comprimento do coletivo, sublinhada pela qualidade e criatividade do individual.

Pelé foi um pêndulo na construção de jogo e recuou no apoio à linha central da defesa, dando aso às subidas de Yuri Ribeiro e Lionn. Resultado? Sucessivos espaços nas costas da defesa pacense. Conforto de um lado, caos do outro.

Foi uma primeira parte de quase total supremacia do Rio Ave e Rúben Ribeiro acentuou-o com duas grandes ocasiões de bola corrida. O golo era iminente, mas não aparecia. Surgiu pelo meio na outra baliza, mas anulado a Luiz Phellype por posição irregular de Mabil.

FICHA E FILME DO JOGO 

No meio da procura, João Novais tirou dividendos de bola parada. Voltou a mostrar dotes de livre direto e deu vantagem ao Rio Ave. Minuto 43, bola exímia a bater Defendi.

O Paços, exceção feita ao golo anulado, foi quase inexistente e, no recomeço, Guedes acentuou a toada em nova bola parada. Canto de Yuri Ribeiro e cabeça do avançado: 48 minutos, 2-0 no marcador. Limpinho.

Do desnorte pacense, o Rio Ave ia tirando proveito e chegou ao terceiro com facilidade. Tarantini recuperou a meio campo, Geraldes dançou entre os centrais e deu de bandeja para o bis de João Novais: 3-0 à boca da hora de jogo (59m).

DESTAQUES DO TRIUNFO DO RIO AVE

A noite parecia tranquila para os vilacondenses e Rúben Ribeiro esteve perto do golo da noite. Só Defendi fez a mancha.

O que se seguiu foram 20 minutos finais antagónicos e só o golo final de Rúben Ribeiro, na compensação, trouxe tranquilidade a um triunfo justo.

Pelo meio, Yuri Ribeiro foi expulso e Bruno Moreira, recém-entrado, reduziu para 3-1 de grande penalidade aos 70 minutos. Repetiu o apetite aos 79’ e colocou o que parecia uma utópica incerteza no marcador.

Cardoso lidou à defesa com a inferioridade, abdicou de Geraldes e Novais, trancando com Pedro Moreira e Bruno Teles. Pedrinho ainda cheirou o empate, mas a noite era do Rio Ave e de quem está à boca das despedidas: Rúben Ribeiro, prestes a ser leão, tanto tentou que agarrou a vitória com o 4-2 final.

Desfecho a espelhar o filme do jogo e a forma das equipas. O Rio Ave iguala a melhor série na Liga e cheira a Europa. O Paços eleva para seis um número recorde de jornadas sem vencer.