A ‘maldição’ dos Barreiros sofreu este sábado novo revés, com o FC Porto a vencer por 2-0 num jogo em que só puxou dos galões de campeão na etapa complementar. Os dragões regressam a casa líderes, enquanto os insulares continuam obrigados a pensar na vida e somam já oito jogos sem vencer.

Se Sérgio Conceição manteve a mesma fórmula que levou a jogo na vitória contra o Feirense, na ronda anterior, Cláudio Braga operou uma alteração tática de vulto no seu onze base, com a inclusão de dois médios com características defensivas: Vukovic e Fabrício. Nota ainda para o regresso à titularidade de Joel Tagueu, que havia falhado a convocatória anterior devido a complicações burocráticas que atrasaram o seu regresso à Madeira, em vários dias, depois de ter estado a serviço da Seleção dos Camarões.

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Os dragões entraram a querer impor a habitual pressão alta, que prima pela intensidade que dedica sobre a primeira fase de construção do adversário. Mas os leões das ilhas, com um bloco intencionalmente recuado, solidário e muito concentrado, apenas mostraram algum desacerto nos minutos iniciais.

O domínio de jogo do FC Porto foi claro no primeiro tempo, embora sem criar lances de perigo efectivo junto da baliza de Amir. A equipa de Sérgio Conceição tentou chegar ao golo privilegiando as alas, mas nem Brahimi, nem Corona, ou as subidas de Maxi e Alex Telles conseguiram construir ou criar desequilíbrios capazes de ultrapassar a teia defensiva tecida pelos insulares. Nem a bola parada, capítulo onde o dragão tem sido feliz, serviu aos intentos portistas para desbloquear o marcador.

À passagem da meia hora, o Marítimo, já mais confortável sobre o jogo, acabou mesmo por protagonizar o primeiro e único lance de perigo do primeiro tempo, com Joel, desde ângulo difícil, a obrigar Casillas a defesa apertada. Antes, os verde-rubros já haviam deixado um aviso, valendo na altura a atenção de Felipe. 

O jogo foi bloqueado para o intervalo, fruto de uma falta de ideias do FC Porto, é verdade, mas também porque do outro lado estava uma equipa muito personalizada, tanto a nível tático como de entrega a um jogo ante o campeão e líder do campeonato.

Sérgio Conceição fartou-se de pedir mais rapidez nos processos dos seus pupilos, mas estes só corresponderam às exigências do seu treinador na etapa complementar, que começou com Soares a obrigar Amir a defesa algo apertada junto à relva, após uma boa estirada.

A entrada do Marítimo no segundo tempo não reuniu os ditames que Cláudio Braga viu a sua equipa explanar em campo na etapa inicial. As linhas continuavam bem juntas e solidárias, mas a concentração, perante a maior aceleração do jogo do FC Porto, começou a esboroar a teia insular. 

Aos 62’, o árbitro Carlos Xistra entendeu que o central Lucas Áfrico cometeu falta na área de rigor, num lance muito contestado pelo Marítimo. Mas Marega, desde a marca dos 11 metros, permitiu uma grande defesa de Amir.

Antes que o lance começasse a causar mossa no ânimo da equipa, Sérgio Conceição lançou Otávio por troca com Maxi. E a aposta não podia ter corrido melhor, uma vez que o médio brasileiro, aos 70’, veio a concluir com classe uma bela jogada coletiva – toda ao primeiro toque.

O golo foi festejado com muito entusiasmo pelo conjunto portista, banco incluído. Mas não tanto como o segundo, que veio a sentenciar a partida. Três minutos depois de inaugurado o marcador, o FC Porto chegou ao segundo, num lance em que Bebeto, que até então vinha sendo um dos melhores do conjunto insulares, comprometeu de forma incrível.

Em pleno meio-campo do FC Porto, Bebeto tenta colocar o esférico na frente mas a bola embate em Óliver, que se isola com o esférico controlado e toca depois para Otávio, que devolve para o interior da área, onde Marega veio a redimir-se do penálti falhado.

Levar dois socos no estômago em pouco mais de três minutos à entrada para o último quarto de hora da partida não deixa grandes dúvidas quanto ao negativismo que se apoderou do conjunto de Cláudio Braga.

A vitória portista, a segunda na Madeira desde 2012, esteve perto de ganhar outro volume até ao apito final, mas Amir, num par de ocasiões, e a falta de pontaria dos dragões, noutras, não voltaram a mexer num resultado que acaba por ser justo.