Aos 56 minutos do Penafiel-Sporting, Marco Silva fez uma aposta tática que modificou inapelavelmente o rumo do jogo a favor da sua equipa O treinador dos leões fez entrar em campo Adrien Silva e Freddy Montero (para os lugares de William Carvalho e André Martins) e alterou a disposição da equipa para um 4x4x2 que se desdobrava num 4x2x4.

A mudança funcionou em pleno, pois o ataque do Sporting conseguiu desbloquear o nulo do resultado que a equipa da casa até então tinha conseguido manter. A presença de Montero ao lado de Slimani na área adversária resultou em golos – vários –; que chegaram quer pelo bis do argelino em três minutos, quer pelo regresso do próprio colombiano à obtenção de um golo após um jejum de 10 meses.

Montero passou, ainda na época passada, do 80 ao 8 quando começou o campeonato a marcar golos de forma imparável e chegou aos 13 em apenas 12 jornadas da Liga. Desde essa ronda que não mais marcou golos pelo Sporting e, como acontece nesses casos, o jejum passou a estar decretado por quem avalia. Essa falta de golos custou-lhe a titularidade no último terço da época passada. E, nesta temporada, voltou a ser suplente assim que Slimani passou estar disponível. A tática de dois pontas assumidos recuperou-lhe os golos. E não só.

Marco Silva confirmou após a vitória em Penafiel que os jogadores que entraram «mexeram claramente com o jogo». Treze minutos depois das duas primeiras alterações na equipa (Capel entraria para o lugar de Carrillo entre os dois golos do argelino), o Sporting chegou ao golo com o primeiro de Slimani, como descreveu Vítor Hugo Alvarenga na crónica do jogo: «Minuto 69. Com Montero a concentrar a atenção dos adversários, Slimani veio de trás e finalizou de cabeça, abrindo a porta do cofre.»

A deliberada opção tática pela utilização desta dupla no onze inicial «é uma possibilidade que está em aberto», assumiu Marco Silva. «Temos treinado várias vezes essa situação e no futuro é possível que isso venha a acontecer. Não tanto em 4x2x4, mas mais em 4x4x2, pelo menos quando não tivermos bola», explicou o treinador do Sporting.

À terceira foi em pleno

Montero e Slimani estiveram pela terceira vez juntos em campo nesta época. Os outros dois jogos foram o empate com o Belenenses e a derrota com o Chelsea (ambos em Alvalade). Em nenhuma destas duas ocasiões (de 10 minutos de duração cada), a presença do colombiano ajudou a desbloquear o ataque como aconteceu em Penafiel.

Frente ao Belenenses, Montero tinha entrado para o lugar de Maurício acabando Marco Silva por colocar o Sporting com cinco atacantes em campo (o colombiano, Carlos Mané, Nani, Capel e Slimani). Mas, como escreveu Ricardo Gouveia na crónica desse jogo, «nos últimos dez minutos, os leões cederam ao coração e atacaram de forma atabalhoada, sem sentido, com mais de uma dezena de cruzamentos despropositados».

Com o Chelsea, o risco não foi tão grande e Montero jogou na tal posição que vinha sendo anunciada como possível para a coexistência com Slimani em campo: jogando atrás do argelino. O ataque sportinguista acabou também por não conseguir resultados.

Neste sábado, Montero entrou com 34 minutos para mostrar serviço ao lado de Slimani, nessa opção assumida de Marco Silva para jogar com dois avançados em conjunto na área. O colombiano correspondeu abrindo caminho – como já se viu – para o primeiro dos dois golos do argelino e tratou de marcar o terceiro da equipa, aproveitando ainda para fazer o passe de morte para o quarto golo dos leões obtido por Nani.