Noronha Lopes, antigo candidato à presidência do Benfica, defende que Rui Costa, bem como qualquer outro membro da atual direção, não tem legitimidade para assumir a presidência do clube e pede a marcação de eleições a curto prazo. Por outro lado, o candidato derrotado nas últimas eleições pede que a atual direção assuma uma «gestão corrente» do clube, com especial atenção ao empréstimo obrigacionista em curso, bem como a preparação de todas as equipas para a nova temporada.

«Vivemos hoje no Benfica o momento mais negro da nossa história. É desesperante que depois de Vale e Azevedo estejamos a passar novamente por uma situação destas. Esta não é uma altura de recriminações e de fações, é uma altura de união no sentido de exigência do que queremos para o Benfica e na proteção dos interesses do Benfica», começou por destacar Noronha Lopes em entrevista à TVI.

O antigo candidato comentou depois a suspensão de Luís Filipe Vieira [LFV] e a consequente nomeação de Rui Costa como novo presidente do clube. «O fim de Vieira é um fim de um ciclo e tem de ir muito além da saída de LFV. Rui Costa não tem condições para ser presidente do Benfica, por várias razões. Não há legitimidade moral, nem ética, nem de Rui Costa, nem de qualquer outro membro da direção, num regime que é essencialmente presidencialista», referiu.

Noronha Lopes considera que um novo presidente só terá legitimidade se for a votos. «O fim do Vieirismo marca um fim de um ciclo. Nesse ciclo estiveram muitas pessoas que estão atualmente no clube e na SAD. Essas pessoas, em nome da ética e moral, devem ir a eleições e sufragados pelos benfiquistas», acrescentou.

Por outro lado, Noronha Lopes defende que a atual direção tem de garantir uma gestão corrente do clube. «Temos duas situações. A gestão corrente do clube e uma situação mais duradoura que é esta que estamos a enfrentar. A curto prazo é óbvio que quem está na gestão do Benfica tem de tratar dessas questões. Não cabe ninguém que sai a meio de um empréstimo obrigacionista e deve acabar o processo de preparação da nova época», explicou.

O antigo candidato quer que a gestão seja garantida a curto prazo, mas também quer ver eleições marcadas ainda no corrente ano. «Como qualquer clube, as sociedades têm de ser geridas. É importante que o empréstimo obrigacionista corra bem, que o inicio da época seja preparado e que se deem garantias a todos os funcionários do clube. A tranquilidade é importante, mas a proteção dos interesses do Benfica também é importante. Não podemos sacrificar isso em função do tempo da durabilidade do mandato de Rui Costa», prosseguiu.

Noronha Lopes defende novas eleições que permitam eleger um «presidente forte». «Não podemos voltar a ter um presidente enfraquecido porque não foi eleito pelos benfiquistas. Tivemos um presidente que nos últimos oito meses não abriu a boca, esteve a tratar de assuntos pessoais, esteve fragilizado perante os nossos adversários. Aquilo que preponho é que haja uma gestão corrente para proteger os interesses do Benfica e que sejam marcadas eleições antecipadas num prazo mais rápido possível», insistiu.

Noronha Lopes foi candidato nas últimas eleições, mas ainda não decidiu se vai concorrer às próximas. «A decisão de concorrer é de grande responsabilidade, envolve grande ponderação do ponto de vista profissional e familiar. Ainda não cheguei a essa fase. Não é altura de fazer essa ponderação, neste momento a prioridade é que seja dada voz aos sócios e que sejam marcadas eleições. O Rui Costa tem direito a concorrer às eleições e ser sufragado pelos benfiquistas», destacou.

A terminar a entrevista, Noronha Lopes quis ainda deixar uma mensagem aos benfiquistas. «Estamos feridos, estamos combalidos, estamos indignados com o que se passa no clube.  Mas este é o maior clube português, sempre o foi e vai continuar a ser. É preciso que todo os benfiquistas que acreditem que o futuro vai ser melhor. Vamos ser nós os benfiquistas que vamos reerguer o Benfica, como já o fizemos no passado em situações muito complicadas», referiu ainda

Recordamos que nas últimas eleições Noronha Lopes teve mais de um terço dos votos.