Há festa em Arouca. Vitória nove jogos depois e, mais do que isso, meta dos 30 pontos alcançada. Jorge Leitão concluiu a caminhada iniciada por Lito Vidigal e que passou, sem sucesso, pelas mãos de Manuel Machado. A manutenção está garantida e o Arouca pode, enfim, respirar melhor, encarar com outro ânimo os cinco jogos que faltam disputar e tentar a melhor classificação possível.

A vitória por 2-0 sobre o Feirense, que serve, então, como uma espécie de meta para os arouquenses, é inatacável, embora a vantagem mínima fosse mais justa para o segundo tempo visitante. De qualquer forma, construído à boleia de Kuca, o homem do jogo que fez dois golos, o triunfo nasceu do maior pragmatismo e verticalidade do jogo da equipa da casa, face a um Feirense que passou ao lado da primeira parte e não conseguiu ser eficaz na segunda.

O segundo tempo, aliás, foi bem mais interessante do que o primeiro, em que o Feirense não acertou uma única vez na baliza e o Arouca, pese o maior pendor ofensivo, também não conseguiu ser brilhante. A questão é: precisava? Provou-se que não.

Jorge Leitão lançou para campo um onze com Hugo Basto adaptado a lateral esquerdo e Adilson a ajudar André Santos no miolo, com Artur, o grande estratega, a ficar mais livre para apoiar o trio da frente, onde Kuca foi herói, Tomané voluntário e Sami inexistente.

Do lado do Feirense, que vinha de cinco jogos seguidos sem perder fora de casa, Nuno Manta mudou também várias peças. Dois laterais «novos» (Jean Sony e Babanco), um meio campo sem Cris, mas com Ricardo Dias, Luís Aurélio e Tiago Silva, o melhor dos azuis, e um ataque com Edson Farías em vez de Fabinho.

Como se disse, na primeira parte não resultou. Nada resultou, aliás. O Feirense tentou um jogo mais rendilhado mas nem perto de assustar ficou.

O Arouca, marcando de penálti no fecho do primeiro quarto de hora, num lance ganho e cobrado por Kuca, ficou mais tranquilo para o que faltava jogar. Podia, ainda assim, ter criado mais a partir daí. Fica o registo de um lance de Tomané, após perda de bola de Etebo, que Monteiro, o mesmo que cometeu a grande penalidade, evitou que resultasse no 2-0.

O segundo tempo, então, foi bem mais interessante. Começou com Etebo a tentar um chapéu a Bolat que saiu curto, mas teve como episódio mais importante o 2-0, outra vez por Kuca, após assistência de Adilson. Estávamos no minuto 51, havia ainda muito para jogar mas o golpe era duro para os homens de Nuno Manta. Ainda há pouco montavam uma estratégia para recuperar a diferença de um golo e já havia uma montanha de dois para escalar.

O Feirense passou a estar mais perto da baliza contrária, mas Bolat esteve sempre seguro e, quando não o conseguiu, contou com ajuda involuntária dos rivais. Sobretudo numa perdida incrível de Etebo, ao minuto 72, atirando ao lado, com a baliza deserta, um centro de Jean Sony. O nigeriano, que esteve nos principais lances do Feirense, até tinha marcado, minutos antes, mas o lance foi invalidado por fora de jogo.

Nuno Manta lançou Hugo Seco e Fabinho para os lugares de Ricardo Dias e João Aurélio. Ambas as trocas aconteceram já com o jogo em 2-0 e visavam dar mais qualidade e outra imaginação ao futebol do Feirense. A equipa passou a ter mais posse, como se disse, mas o Arouca soube defender bem.

Jorge Leitão, que ao intervalo tinha trocado Sami, lesionado, por Mateus, sem grandes melhorias, percebeu que o gás de Artur acabara e trocou-o por Nuno Valente, com a ideia de ter mais tempo a bola. Nessa altura, o Feirense mandava por completo no jogo e um golo provocaria, certamente, um final de aflição que convinha evitar.

Não foi fácil, a pressão foi intensa até ao apito final de Bruno Esteves, mas o Arouca conseguiu.

Sorri, por fim, com 31 pontos no bolso e a convicção que parecia, aliás, apenas uma questão de tempo: vem aí mais um ano entre os grandes do futebol português.