*por Adérito Esteves

O discurso dos responsáveis pelo Estoril nota, semanalmente, que o objetivo da equipa passa por garantir a manutenção. Aceita-se. Mas ao ver jogar a formação orientada por Fabiano Soares, percebe-se que estes “canarinhos” podem voar mais alto. Talvez seja preciso soltarem-se primeiro das amarras do “objetivo mínimo”, mas a personalidade da equipa é bem mais ambiciosa do que o discurso.

Em Tondela, foi isso a que se assistiu. Um Estoril sempre dominador que quando se mostrou mais objetivo não deixou a equipa da casa respirar. A tradução da ambição da equipa fez-se no domínio de todos os momentos do jogo, e teve o expoente máximo no golo de Bonatini e na defesa de Kieszek à grande-penalidade cobrada por Piojo a quatro minutos do fim. E nem se perdeu no discurso de uma equipa que se viu reduzida a 10 jogadores na sequência da falta que originou a grande penalidade.

Numa tarde em que o Verão decidiu aparecer em Tondela, as equipas em confronto presentearam os espectadores com um jogo entretido, ainda que disputado longe das balizas, principalmente na primeira parte.

Os estorilistas, mais tranquilos na classificação, com seis pontos contabilizados nas primeiras quatro jornadas surgiram em campo com vontade de controlar a partida. Com um pequeno ascendente na posse de bola, faltou, porém, alguma objetividade na hora de decidir.

O jogo do conjunto orientado por Fabiano Soares passou muito pela velocidade de Gerso, flanco esquerdo, com Bruno César do lado contrário a procurar mais os espaços interiores, ficando mais escondido do jogo e obrigando, muitas vezes, Léo Bonatini a sair da área para procurar jogo. Só que isso acabou por resultar na referida falta de objetividade, uma vez que a bola não chegava à área e, quando chegava, não havia ninguém para finalizar.

Pelo contrário, a formação de Vítor Paneira, apesar de ter menos iniciativa, mostrava-se mais clarividente na hora de chegar à baliza de Viesse, criando as situações mais perigosas. Exemplo disso, a oportunidade perdida por Nuno Santos (18) quando cabeceou completamente sozinho ao lado da baliza.

Intervalo revigorante para o Estoril

A segunda parte mostrou que os canarinhos queriam estrear-se a ganhar longe da Amoreira. A pressão constante sobre os jogadores do Tondela resultou em vários lances de perigo, mais uma vez, apostando mais no corredor esquerdo onde Gerso não deu descanso à defesa contrária, nem a Matt Jones, uma vez que procurou muitas vezes o remate.

Quem também apareceu mais no jogo foi Bonatini que depois de ameaçar com um remate de fora da área que passou muito perto da baliza de Matt Jones e, pouco depois, a dar o melhor seguimento a um excelente trabalho de Anderson Luís no corredor direito.

Apesar de estar em vantagem, o Estoril manteve a toada de domínio – numa altura em que Vítor Paneira já tinha esgotado as substituições. Fabiano Soares mexeu bem na equipa, mantendo frescura nos flancos, e não dando grandes possibilidades de reação ao Tondela.

Kieszek segura a primeira vitória fora

Apenas através de contra-ataque o Tondela foi respondendo à desvantagem, ainda que de forma muito tímida. Foi num desses lances, a cinco minutos do fim, que Nathan foi derrubado na área por Diego. Cosme Machado não hesitou e marcou grande penalidade, mostrando o segundo cartão amarelo ao central brasileiro. Animaram-se as hostes tondelenses, com os adeptos a fazerem-se ouvir no apoio a Piojo, que agarrou logo a bola e assumiu a marcação do castigo máximo.

O argentino não contava era com a frieza do guardião polaco, que esperou até à última pelo remate do dianteiro contrário, não aceitou o convite para dançar o tango e defendeu com uma sapatada a última tentativa do adversário.