Com um Rafa Silva inspirado o Benfica bateu o Portimonense por 2-1 a fechar o ano de 2020 e voltou a cortar a distância para o Sporting para apenas dois pontos no topo da classificação. Depois de uma entrada fortíssima, que rendeu dois golos, a equipa de Jorge Jesus caiu a pique no segundo tempo e acabou o jogo a tremer, com os algarvios a reduzirem a diferença sobre o minuto noventa e a ameaçarem o empate. Um Benfica de duas faces, como tem sido habitual, mas desta vez invertidas.

Jorge Jesus repetiu exatamente o mesmo onze que, antes do Natal, perdeu a Supertaça para o FC Porto, mas com um Rafa ultra-inspirado, com um jogo vertical, a levar toda a equipa atrás de si e, em simultâneo, a obrigar o Portimonense a recuar em toda a linha. Uma entrada forte do Benfica a explorar bem os flancos, com Gilberto e Grimaldo, para chegar à linha de fundo e a meter, desde logo, muita gente na área. O Portimonense procurou defender com duas linhas de quatro que rapidamente se entrelaçaram numa rede de equívocos, com os algarvios a sentirem muitas dificuldades para travar as movimentações iniciais dos encarnados.

O Benfica invadia a área por todos os lados e deixava a defesa algarvia num caos, sem conseguir travar o ímpeto inicial do adversário. O primeiro golo parecia uma questão de tempo. Waldschmidt ensaiou o primeiro remate, Darwin teve uma oportunidade soberana, mas escorregou no momento do remate, mas, nesta altura, já cheirava a golo por todos os lados, tal era o desacerto da equipa que veio de Portimão.

Não foi preciso esperar muito mais, chegou logo a seguir, aos 13 minutos, depois de Weigl recuperar uma bola e Taarabt, com um grande passe, voltar a abanar a defesa algarvia, abrindo um autêntico corredor para a entrada gloriosa da Rafa que, depois, serviu Darwin de bandeja. O uruguaio só teve de encostar, mas quebrou um jejum que já durava há seis jogos. O Portimonense procurou sacudir a pressão, abriu as suas linhas, mas acabou por ser vítima de mais uma arrancada de Rafa que, mais uma vez, levou tudo à frente, num lance cheio de ressaltos, com a bola a passar por Darwin, Waldschmidt antes de voltar a Rafa que tirou um adversário da frente e fez o segundo. Imparável.

O Portimonense sentia tremendas dificuldades em sair a jogar e, cada vez que o fazia, expunha-se no setor mais recuado, como Rafa fez questão de continuar a acentuar, com mais uma arrancada que só foi travada em falta à entrada da área. Uma falta que proporcionou um livre perigoso para Grimaldo e a defesa da noite para Samuel que teve de voar para ir tirar a bola que levava selo de golo e aviso de receção.

A verdade é que o Portimonense conseguiu recuperar algum equilíbrio nos instantes finais da primeira parte e até ensaiou um ataque bem conseguido, embora com finalização fraca do japonês Anzai. Paulo Sérgio não esperou muito mais e promoveu duas alterações para o segundo tempo, lançando Anderson para o meio-campo e Beto para o ataque. O Portimonense mudou radicalmente em relação à primeira parte, parecia inclusive uma nova equipa, com mais posse de bola, mais objetividade e  a conseguir mais profundidade, mas sem qualidade suficiente para incomodar Vlachodimos.

O Benfica entrou mais na expetativa, mas de forma intencional, com três setas apontadas à baliza de Samuel - Rafa, Darwin e Waldschmidt (Everton muito apagado esta noite) - à procura de um terceiro golo que matasse definitivamente este jogo. Darwin chegou a ter essa oportunidade nos pés, depois de um bom trabalho de Taarabt, mas, apenas com Samuel pela frente, o uruguaio procurou atirar tão colocado que acertou em cheio no poste. O jogo começava a virar e não apenas por teimosia do Portimonense.

A verdade é que, a par do crescimento dos visitantes, era cada vez mais evidente uma quebra do Benfica. A confiança exibida no primeiro tempo esfumou-se. Darwin voltou a desperdiçar uma oportunidade destacado diante de Samuel, mas desta vez estava em posição irregular. Do outro lado Luquinhas esteve muito perto de relançar o jogo, com um remate que passou a rasar o poste.

Jorge Jesus, que já tinha lançado Pedrinho, lançou ainda Nuno Tavares e Cervi, procurando devolver alguma energia à equipa, mas era o Portimonense que continuava a crescer, com Jorge Jesus visivelmente irritado junto à linha lateral. Os algarvios foram forçando, com Anzai e Moufi a abrir o jogo nas laterais e acabaram mesmo por chegar ao golo, sobre o minuto noventa, na sequência de um cruzamento da direita, com Gilberto a desviar para as próprias redes, pressionado por Beto. Um golo que estimulou a equipa de Paulo Sérgio que, nos instantes finais, manteve o jogo junto à área de Vlachodimios e deixou o Benfica com o coração nas mãos até ao apito final.

Como disse Ruben Amorim há uns dias, esta Liga não está fácil para ninguém.