Foi um jogo mesmo muito atípico, sem qualquer interesse competitivo, entre duas equipas a fazer contas à sobrevivência e muito pouco preocupadas em jogar futebol.

O Arouca venceu e fez mais por isso. O Gil perdeu e, sem saber muito bem como, também festejou a permanência. Coisas de final de época.

A primeira parte foi fraquíssima. O medo de perder apoderou-se das duas formações e o resultado foram 45 minutos de futebol receoso, com erros de nervosismo, pouco rasgo, quase nenhuma criatividade.

O primeiro quarto de hora, então, teve momentos que fizeram lembrar aqueles jogos de pré-temporada: uma tarde de sol, num estádio de grande dimensão (30 mil lugares), desértico, vazio, com duas equipas a jogar em ritmos lentos, sem arriscar.

O Gil Vicente só fez a primeira falta aos 33 minutos e... foi logo uma grande penalidade, em lance em que Danielson derruba Roberto na grande área. Pedro Proença nem seque hesitou e sentenciou a penalidade máxima.

Entre o risco zero e as cautelas excessivas, o 0-0 parecia consequência óbvia até ao intervalo. Mas o tal lance que ditou a primeira falta do Gil em todo o jogo, já depois da meia-hora, permitiu ao Arouca obter vantagem curta, mas significativa, no jogo e nas contas da sobrevivência.

David Simão, com sangue frio assinalável, pôs o Arouca na frente do marcador.

O 0-0 deixou de ser plano para as duas equipas, havia que passar a arriscar um bocadinho mais. Mas a verdade é que, até ao intervalo, o Gil não mostrou qualquer capacidade de inverter o resultado negativo.

A segunda metade acentuou as carências barcelenses e um ligeiro (mesmo muito ligeiro...) ascendente do Arouca.

Com a expulsão de César Peixoto, a meia-hora do fim, tudo ficou ainda mais difícil para o Gil e um pouco mais fácil para a equipa que jogava em casa emprestada.

É certo que o Gil não desacreditou por completo e tentou evitar a derrota. Desferiu uns remates do meio da rua, mas sempre sem qualquer perigo.

O Arouca, sem nunca ter tido a necessidade de jogar grande coisa, foi merecendo cada vez mais o triunfo na partida e consequente garantia de sobrevivência na Liga, em época de estreia no escalão principal.

Mesmo tendo, por inerência (o Paços não foi além do empate em Vila do Conde) garantido a manutenção, o Gil Vicente não deve ficar orgulhoso com o que fez em Aveiro.

A equipa de Barcelos fez um jogo demasiado fraco, à imagem de uma segunda volta em permanente sobressalto. Valeu aos gilistas o bom arranque de época para não estarem, agora, a chorar uma descida que seria, de todo, inesperada no início da temporada. 

O Arouca terminou com nove (Diego e Miguel Oliveira expulsos por duplo amarelo), o Gil com dez. Mas quando o apito soou, o que houve mesmo foi um sentimento generalizado de alívio. Um grande alívio.