O Boavista confirmou o melhor arranque na Liga desde que voltou à elite do futebol português, mas esteve longe de deslumbrar perante um Arouca que ficou reduzido a dez elementos muito cedo e que acabou com apenas nove jogadores em campo. A equipa da casa até foi a primeira a marcar, mas os axadrezados consumaram a reviravolta com um golo do jovem Martim Tavares, cada vez mais um caso sério na arte de fazer balançar as redes contrárias. 

Armando Evangelista, treinador do Arouca, tinha apontado ao «rigor e ao equilíbrio» como fatores essenciais para fazer frente ao Boavista, e deu a Soro um papel importante na estratégia da equipa. Com bola, o médio assumia a sua posição natural, mas sem ela baixava para o eixo da defesa e encarregava-se da marcação a Bozenik, libertando os dois centrais para outras tarefas.

A ideia parecia promissora, mas ruiu num ápice. Ao minuto dez, uma entrada imprudente sobre Makouta valeu a Soro o vermelho direto, mudando as caraterísticas de um jogo que deixava antever um certo equilíbrio territorial.

O Arouca via-se obrigado a redefinir a estratégia, mas nunca perdeu o tal rigor que o seu treinador tinha focado. Sem surpresa, o Boavista assumiu as despesas do jogo, perante um adversário que se defendia num bloco muito baixo e dava poucos espaços para explorar.

FILME E FICHA DO JOGO.

Contra todas as expetativas, até foi a equipa da casa a primeira a marcar, aos 27 minutos. Tiago Esgaio isolou Mujica, que não se deslumbrou com o presente da defesa axadrezada e bateu César. As panteras ficavam em posição delicada, mas não demoraram a responder. À passagem da meia hora, Sasso cabeceou para o empate, deixando o jogo como estava até ao golo arouquense.

Vendo um Boavista apático e sem grandes ideias para furar a resistência adversária, Petit desfez a linha de três centrais, com a saída de Cannon, e lançou Salvador Agra e Martim Tavares para a segunda parte, colocando em permanência mais gente nas imediações da área contrária.

Ainda assim, o jogo pouco ou nada mudou na segunda metade. O Boavista tinha mais bola, mas poucas vezes parecia saber o que fazer com ela, perante um Arouca confortável no papel a que se via forçado.

Foi assim até ao minuto 70, quando Martim Tavares, na sequência de um pontapé de canto, colocou os axadrezados pela primeira vez em vantagem no marcador.

Quando procurou arriscar na busca pela igualdade, Armando Evangelista viu os seus planos voltarem a ser travadas no vermelho, agora ao central Opoku, por entrada dura sobre Martim Tavares.

Ainda assim, foi do Arouca a derradeira oportunidade de golo. Em tempo de compensação, Bruno Marques isolou-se e chegou a festejar o empate, mas o lance foi invalidado por fora de jogo. Milimétrico, diga-se.

Foi o momento anti-clímax para o Arouca, longe de o merecer, pela resposta que deu às muitas adversidades que enfrentou ao longo do jogo. Do Boavista só se salva o resultado, aquilo que é mais importante, afinal.