Pela segunda vez consecutiva nesta Liga, o FC Porto precisou de remontar um resultado desfavorável, mas desta vez, no Jamor diante de um frágil mas estoico Belenenses, a missão do dragão foi bem simples do que há uma semana no António Coimbra da Mota.

Porque não chegou a estar a perder por dois golos e porque desde cedo foi notório o enorme desequilíbrio de forças que ficou ainda mais acentuado quando Yaya Sithole foi expulso por acumulação de amarelos pouco depois da meia hora de jogo.

Mas também porque nesta noite houve muito jogo de Fábio Vieira (três assistências!) e faro apuradíssimo de Evanilson, que marcou três dos quatro golos com que o FC Porto goleou o «lanterna vermelha» da Liga e respondeu ao Sporting, que minutos antes do apito inicial do Jamor se havia colado momentaneamente aos azuis e brancos no topo da Liga.

De improvável no Jamor só mesmo o golo inicial de Abel Camará ao minuto 13 na sequência de um pontapé de canto. Não tanto pelo tento dos lisboetas, mas pela forma como o FC Porto se deixou bater num momento do jogo no qual é tradicionalmente forte.

Aos 32 minutos, a missão do FC Porto ficou mais facilitada pela expulsão de um dos dois médios de contenção do Belenenses, mas há que dizer que, mesmo com 11, os anfitriões já sentiam muitas dificuldades para resistir ao carrossel portista manobrado por Vitinha e Fábio Vieira pelo centro e com Luis Díaz a desequilibrar sempre que a bola lhe chegava à esquerda.

Em inferioridade numérica, o campo cresceu até se tornar insustentavelmente grande para o conjunto orientado pelo até ontem interino Franclim Carvalho. E tornou-se ainda maior quando Taremi foi lançado em jogo (saiu Bruno Costa, lateral-direito adaptado) ainda na primeira parte para explorar o espaço deixado vazio pelo homem expulso da equipa da casa.

Por essa altura, Evanilson já tinha feito o empate num lance corrigido pelo VAR, e podia ter descido para os balneários confortavelmente na frente diante de um Belenenses em claro modo sobrevivência e incapaz de segurar a bola por mais do que escassos segundos.

Na segunda parte o assédio portista manteve-se, embora com a equipa da casa mais serena nos posicionamentos defensivos e com bola. Essa evidência foi quebrada antes da hora de jogo.

Assim que foi lançado em campo, Francisco Conceição colocou a impressão deitou nele todo o seu ADN de desequilibrador e serviu Evanilson para o golo da revirolta ao minuto 58.

Se o Belenenses acusou o golo sofrido? Sem dúvida, mas este FC Porto é insaciável e, como predador que é, sentiu na presa o cheiro a medo. Pouco depois, Taremi fez o terceiro no seguimento da segunda assistência de Fábio Vieira, que serviria, já dentro dos derradeiros dez minutos, Evanilson para um hat-trick conjunto: dele em passes para golo e do brasileiro em golos.

Pelo meio houve ainda tempo para as estreias na Liga de João Mendes e de Gonçalo Borges. E crédito para um castigo máximo desperdiçado por Luis Díaz, que teve tanto de desequilibrador como de perdulário na noite da 13.ª vitória seguida do FC Porto neste campeonato.

Afinal de contas, até o melhor da Liga é humano.