Balde de água gelada para o Belenenses que chegou ao intervalo a tocar o céu, em posição de play-off, mas voltou a cair com estrondo para o último lugar da classificação, depois do Famalicão dar a volta ao marcador (3-2), por duas vezes, depois dos «azuis» ainda terem conseguido empatar já perto do final do jogo. A equipa de Franclim Carvalho, que ainda chegou a comemorar um terceiro golo, mas acabou por ser anulado. No entanto, mesmo depois deste desaire, a equipa que joga no Estádio Nacional ainda não está sentenciada, mas parte para a última ronda obrigada a vencer o Arouca, que já fez a festa esta noite, e terá de esperar, depois, que Moreirense e Tondela não vençam os respetivos jogos.

Um jogo disputado a duas velocidades. De um lado, um Belenenses determinado em lutar contra a despromoção, carregado de determinação e a procurar impor um ritmo forte desde o início. Do outro, um Famalicão já despachado, no que diz respeito a contas, bem mais descontraído, a procurar tirar proveito do maior desespero do adversário.

Franclim Carvalho recuou João Sousa para o lado de Braima, mas com o número dez com instruções claras para subir no terreno com a bola nos pés, e drible, à procura do quarteto da frente, onde Baraye, Pedro Nuno e Rafael Camacho também procuravam carregar no acelerador, com Camacho mais solto à espera de uma bola solta. O Famalicão, por seu lado, manteve-se fiel ao sistema que tem utilizado com Rui Pedro Silva, com três centrais, mas com os laterais a subirem pouco pelos corredores.

O Belenenses corria muito e chegava com muitos jogadores à área, mas encontrava quase sempre um Famalicão bem posicionado, a lidar bem com a sofreguidão dos azuis, mas a verdade é que a equipa da casa ia encontrando brechas para chegar à baliza de Luiz Junior. Numa delas, Carraça cruzou largo da direita e Abel Camará, de cabeça, quase surpreendeu o guarda-redes do Famalicão. Tanto correu o Belenenses que, ao fim de vinte minutos, teve de parar para respirar. Foi neste período que o Famalicão conseguiu ter mais bola e jogar mais no campo do adversário e até criar alguns calafrios, co destaque para um remate de Heriberto, mas foi por pouco tempo.

Mal recuperou o fôlego, os azuis voltaram à carga e a repetir os mesmos movimentos. Ou era Afonso Sousa que arrancava pela zona central ou era Carraça que também conseguia muita profundidade no corredor direito. Num ataque do Famalicão, o Belenenses conseguiu finalmente espaço para uma transição rápida com quatro para dois, com Baraye a escapar em grande velocidade pela direita e a cruzar, mas Pedro Nuno atrapalhou-se com Rafael Camacho e nenhum dos dois conseguiu rematar.

Um ensaio para o último lance da primeira parte que acabou mesmo com a bola na baliza do Famalicão. Mais uma transição rápida conduzida por Carraça, com cruzamento para a entrada da área, Pedro Nuno desvia com a ponta da bota, Baraye tenta o remate, mas Alex Nascimento, e, carrinho, corta para o interior da baliza de Júnior. Foi por linhas tortas, mas estava feito o mais difícil e a festa foi grande. Não era para menos, com este golo, o Belenenses saltava do último lugar para a zona de play-off e ficava à frente do Moreirense e Tondela, mas ainda faltavam 45 minutos.

Reviravolta em dois tempos

A segunda parte começou de uma forma completamente diferente. O Famalicão regressou ao jogo bem mais subido no jogo e, agora, determinado em assumir as rédeas do jogo. O Belenenses, por seu lado, já não tinha vontade de acelerar e procurava apenas controlar o adversário. Erro crasso. O Famalicão avisou desde logo, com Jhonder Cadiz, de fora da área, a atirar ao poste. Os visitantes mandavam agora no jogo e fixavam o jogo junto área do Belenenses com oportunidades atrás de oportunidades, com Jhonder, Heriberto e Pêpê muito ativos na frente, agora com o apoio dos laterais.

E foi mesmo um lateral que marcou o golo do empate, na sequência de um lance construído entre Jhonder e Pêpê, com a defesa azul a ver jogar, com o lateral espanhol a rematar junto ao primeiro poste, já de angulo apertado. No início da dança dos bancos, o Belenenses procurou recuperar a velocidade da primeira parte e até podia ter recuperado a vantagem, na sequência de um canto, mas foi o Famalicão que voltou a marcar, com Bruno Rodrigues, acabado de entrar a assinar a reviravolta, num lance que começa num lançamento lateral e que contou com assistência de Banza que também tinha acabado de entrar.

Final de jogo alucinante

O jogo seguiu tenso até final, com muitas faltas, muitas paragens e pouco futebol, mas ainda voltou a animar. O Belenenses nunca baixou os braços e, já em tempo de compensação, ainda conseguiu chegar ao empate, com Baraye a empurrar a bola para lá da linha fatal, depois de um primeiro remate de Safira. Um golo novamente muito festejado, antes de mais uma desilusão.

Bola ao centro e golo do Famalicão. Contra-ataque rápido com Pêpê Rodrigues a ultrapassar Afonso Sousa e a atirar a contar. O Belenenses ainda chegou a festejar um terceiro golo, outra vez por Baraye, mas foi anulado por fora de jogo de Cafú Phete. Novo balde de água gelada para os azuis, agora já sem tempo para nova resposta.

O Famalicão ganha mais uma posição na classificação, ultrapassando o Portimonense, enquanto o Belenenses desce do céu ao inferno. Os azuis, que chegaram a estar em posição de play-off, voltou a cair para o último lugar e na última jornada já não depende de si próprio. Para ficar na elite, a equipa de Franclim Carvalho tem de ir vencer a Arouca e esperar que Moreirense (recebe o Vizela) e Tondela (recebe o Boavista) não vençam os respetivos jogos.