A FIGURA: João Neves

Começou por afirmar-se no Benfica pela capacidade de combate, mas hoje é muito mais do que isso na equipa encarnada. É um dos jogadores mais influentes. Sem bola e com ela. O processo de construção passa quase todo por ele, seja quando recua para junto dos centrais ou quando procura no meio-campo ofensivo distribuir jogo ou infiltrar-se no último terço. O 2-0 define o 87 do Benfica: pela raça ao ganhar uma bola a um adversário, pela inteligência com que superou Rúben Fernandes e pela classe no remate de trivela que bateu Andrew. Saiu já perto do fim do jogo e recebeu a maior ovação da noite.

O MOMENTO: golo de Arthur Cabral. MINUTO 15

Nos cinco jogos anteriores, o Benfica não tinha sido a primeira equipa a marcar em quatro deles. Neste domingo, porém, não só inaugurou o marcador, como o fez cedo. A Luz tranquilizou e a equipa de Roger Schmidt partiu para um final de tarde sem problemas.

OUTROS DESTAQUES

Arthur Cabral: foram dele as primeiras ocasiões de golo do jogo. Primeiro, acertou no ferro esquerdo após cruzamento de Di María; depois, aos 15 minutos, atirou certeiro para o 1-0 em mais uma associação com o argentino. Forte no jogo aéreo, está cada vez mais solto. Não se limita a ser um homem de área e a qualidade técnica que tem permite-lhe oferecer várias soluções à equipa.

Di María: esteve em praticamente todas as jogadas de perigo do Benfica na primeira parte. Assistiu Arthur Cabral para o cabeceamento ao poste aos 5 minutos, para o golo ao quarto de hora e bateu o canto que esteve na génese do 2-0 de João Neves. Até os dois cantos dos quais nasceram esses golos foram conquistados pelo internacional argentinos.

Aursnes: Roger Schmidt até pode mudar as peças do onze de vez em quando, mas de uma delas nunca prescidente. Do defesa/médio/extremo norueguês. Neste domingo, Bah voltou à equipa, mas o sacrificado foi João Mário. Aursnes voltou ao lado esquerdo do meio-campo, mas andou um pouco por todo o lado. Assistiu Rafa para o 3-0 do Benfica, mas fez muito mais do que isso. O posicionamento dele naquela zona do terreno permite que a equipa cresça na reação à perda e lide melhor com as transições rápidas dos adversários.

Bah: mais de três meses depois, o lateral dinamarquês voltou a ser titular no Benfica. Não esteve especialmente arrojado no corredor direito, que neste domingo, sem o adaptadíssimo Aursnes a fazer parelha com Di María, não foi tão influente na mecânica da equipa de Roger Schmidt. Ainda assim, não comprometeu e somou minutos importantes para regressar à boa forma.

Félix Correia e Maxime Dominguez: dois dos vários jogadores do Gil que têm uma capacidade técnica acima da média e que lhes pode valer a ascensão para patamares superiores, apesar dos 28 anos que o segundo já tem. Félix Correia, emprestado pela Juventus, fez pela vida no eixo do ataque. Fugiu permanentemente aos centrais, descaindo para faixas, onde conseguiu criar desequilíbrios. Dominguez destacou-se pelo acerto com a bola nos pés e pela forma como a entregou quase sempre bem aos companheiros.