Na véspera da estreia no comando técnico do Boavista, Jesualdo Ferreira confessou ter como prioridade a «recuperação da mística» como «questão fundamental» para reavivar a grandeza do passado do clube.

«Grande parte destes jogadores não conhecem a história do Boavista e só depois de estarem aqui é que começaram a entendê-la. Este clube necessita de gente que o entenda e que as suas figuras façam parte do seu renascimento, ajudando-o a voltar aos níveis que teve em anos anteriores», disse, em conferência de imprensa.

O técnico de 74 anos vai ter o primeiro jogo na liderança dos axadrezados na Mata Real ante o Paços de Ferreira, 14 anos após uma breve passagem pelo Bessa na qual não fez qualquer encontro oficial. 

«Quem tem de ajudar a passar essa mística é quem conta, faz ouvir e sentir a própria história. Neste momento, não temos uma componente emocional e isso pesa muito. Não duvido que, se esta equipa começasse a trabalhar desde início com o apoio dos adeptos, num estádio com mais gente, alguns resultados podiam ter sido diferentes», considerou.

Jesualdo explicou o que fez durante esta primeira semana e considerou que a primeira meta é «animar e devolver a confiança ao grupo».

«O que tenho feito até agora é tentar conhecer os jogadores. Vi uma reposta muito positiva nestes quatro treinos, mas não sou iluminado para tirar conclusões. O grupo tem jovens e outros numa idade de alguma experiência. Todos mostraram grande prazer de trabalhar, têm as suas próprias ambições e querem estar no processo», vincou. 

O experiente treinar assume «estar a tentar não fugir da linha» adotada por Vasco Seabra, a quem endereçou «uma palavra de apreço e respeito», antevendo um futuro que «não será minimamente afetado por esta saída», até porque «tem anos para provar que é bom».

«Não é fácil para ninguém chegar novo a um clube que não se conhece e fazer uma boa equipa num estalar de dedos. Acho que o nível de rendimento durante 90 minutos não está de acordo com os resultados. Quando assim é, são postas muitas coisas em dúvida, a confiança é menor, a qualidade do jogo baixa e os jogadores desconfiam», notou. 

Em relação ao encontro, Jesualdo Ferreira deixou elogios ao Paços de Ferreira.

«Podíamos ter um teste menos difícil. O Paços de Ferreira está muito bem classificado, organizado e competitivo. Os seus últimos três jogos foram com os três ‘grandes’ e senti estar perante uma equipa capaz de jogar olho no olho com qualquer um deles, o que não é muito fácil. Deixa aqui um desafio às competências dos nossos jogadores», concluiu.

O Paços de Ferreira-Boavista joga-se este domingo, às 15h00, na Capital do Móvel.