Com um grande golo de Arthur Cabral, pouco depois de saltar do banco, o Benfica conseguiu bater o Casa Pia e, desta forma, minimizar os danos provocados pelo terramoto provocado por Kökçü dois dias antes deste jogo. Depois de uma primeira parte muito pobre, em que as melhores oportunidades foram dos gansos, a águia levantou finalmente voo na segunda parte, com um jogo bem mais rápido e com um brasileiro inspirado a assinar o golo que mantém intensa a pressão sobre o Sporting que joga ainda este domingo.

Confira o FILME DO JOGO

Roger Schmidt fez apenas uma troca em relação ao jogo com o Rangers, abdicando de David Neres, para lançar João Mário, procurando recuperar as mesmas dinâmicas que a equipa tinha demonstrado em Glasgow, mas rapidamente se percebeu que este jogo ia ser bem diferente. Desde logo porque os gansos fecharam o trânsito no corredor central, obrigando a águia a descair para os corredores. O Benfica atacava com duplas, com Ba e Di Maria sobre a direita, Aursnes e João Mário do lado contrário e ainda com Rafa nas costas de Marcos Leonardo ao centro, mas a bola raramente entrou com perigo no corredor central.

O Benfica conseguia apenas profundidade sobre as alas, o que lhe permitiu arrancar cantos atrás de cantos, sete até ao intervalo, todos marcados por Di María, quase todos para o primeiro poste, onde entravam os centrais, mas foram poucas as vezes em que saiu um remate. O Casa Pia, como já dissemos, concentrava-se no corredor central, e, depois, procurava sair em transições rápidas. Numa delas, aos dez minutos, surgiu a primeira verdadeira oportunidade do jogo, com Pablo Roberto a arrancar em velocidade e a abrir na direita para o remate de Larrazabal, apenas com Trubin pela frente, ao lado.

Um aviso que deixou o Benfica em sentido. Os encarnados procuraram manter a elevada posse de bola, mas voltaram a ser surpreendidos logo a seguir, desta vez com Leonardo Lelo a fugir nas costas de Ba, no corredor esquerdo e a cruzar para o falhanço incrível de Fellipe Cardozo no coração da área. O Benfica até chegou a festejar um golo, marcado por João Neves, de cabeça, mas, além do médio estar claramente adiantado, o árbitro já tinha assinalado uma falta de António Silva sobre Ricardo Batista.

O Benfica seguiu na mesma toada morna até ao intervalo e a melhor oportunidade voltou a ser do Casa Pia, na sequência de mais uma arrancada de Pablo Roberto, com o espanhol a rematar forte da direita e a deixar as luvas de Trubin a ferver. O Benfica teve mais posse de bola, teve muitos cantos, como já dissemos, mas faltou-lhe quase tudo o resto. Faltou explosão, faltou capacidade para provocar desequilíbrios, faltou entusiasmo.

Pé no acelerador na segunda parte

A verdade é que o Benfica regressou para a segunda parte com uma nova atitude, desde logo, com um jogo mais rápido, ao primeiro toque, a conseguir provocar desequilíbrios e a obrigar o Casa Pia a recuar em toda a linha. Os gansos voltavam a fechar-se, mas agora com uma linha de cinco, reforçada por outra de quatro. O jogo concentrou-se na área de Ricardo Batista e o Benfica multiplicou-se em oportunidades. Di María fez mais dois remates, ambos por cima, Rafa teve finalmente espaço para explodir, entrou na área e atirou cruzado, ao lado, e, logo a seguir António Silva, de cabeça, também ficou a centímetros de marcar.

Roger Schmidt procurou tirar dividendos do evidente crescimento do Benfica, prescindindo de Florentino e Marcos Leonardo, para lançar David Neres e Arthur Cabral. Do lado contrário, Gonçalo Santos também refrescava o ataque, com jogadores mais frescos e talhados para as transições, como foram os casos do japonês Soma, mas também Rúben Lameiras.

O jogo acelerou definitivamente, o ritmo cresceu a olhos vistos e o Casa Pia começou a ter problemas e foi nesta altura que o Benfica conseguiu, finalmente, desbloquear o marcador. Grande passe de João Mário de Primeira, a destacar Arthur Cabral que, junto à lateral, controla com o peito, vira-se para o interior da área, puxa do pé direito para o pé esquerdo e remata cruzado para o fundo das redes. Explosão de alegria nas bancadas, festejos menos efusivos no relvado, com a equipa a regressar para o seu meio-campo a passo.

O mais difícil parecia estar feito. O Casa Pia procurou responder nos instantes seguintes, subindo as suas linhas, mas foi o Benfica, outra vez por Arthur Cabral, que voltou a cheirar o golo, com mais um remate do brasileiro, desta vez para defesa de Ricardo Batista. Agora era o Casa Pia que tinha de fazer pela vida, diante de um Benfica já em modo gestão.

O Benfica acaba, assim, por conseguir o essencial, os três pontos que lhe permitem continuar a pressionar o Sporting, numa altura em que começa a contagem decrescente para os dois dérbis que vão definir melhor as expetativas dos dois clubes de Lisboa para o final da temporada.