FIGURA DO JOGO: Leonardo Lelo

Ao centésimo jogo pelo Casa Pia, o ala evidenciou-se, no ataque, na meia-hora final. Ainda que já fosse tarde para ambicionar vencer o jogo – face à defesa estacionada pelo Gil Vicente – Lelo foi uma raridade em campo, paulatinamente mais esclarecido nas transições e veloz na construção. Importa salientar que, em todo o caso, o ala não encontrava referências na área para estender as jogadas. Por isso, o próprio Lelo teve de assumir o ataque à baliza de Andrew, como fez aos 72m. O jovem português, cobiçado para outros patamares, liderou a melhor fase dos «gansos» no jogo. Pecou por tardio, mas o ala não pode jogar sozinho ou ser omnipresente. Neto, Pablo e Clayton passaram, quase sempre, despercebidos em campo, frustrando as iniciativas de Lelo.

MOMENTO DO JOGO: de perdida em perdida até ao nulo final.

Em cima do intervalo, aos 45+2m, Nuno Moreira beneficiou de dois momentos, consecutivos, para inaugurar o marcador. Pela direita, o primeiro remate do extremo beijou o poste e, na recarga, o avançado foi apenas capaz de atirar à figura de Andrew. Foram, claramente, as melhores oportunidades da partida, num encontro de escassa inspiração ofensiva.

Outros destaques:

Andrew: o guardião do Gil Vicente seria um justo destaque máximo deste encontro. Ainda assim, o brasileiro apenas travou o golo em cima do intervalo, perante Nuno Moreira, ou aos 72m, face a Leonardo Lelo.

Ricardo Batista: quase sempre um mero espectador do encontro. Obrigado a intervir, em grande estilo, ao vigésimo minuto, o experiente guarda-redes do Casa Pia limitou-se a recolher remates fracos. Mas este destaque não se deve a mera cortesia, isto porque Ricardo Batista integrou, sempre que solicitado, o processo de construção, distribuindo jogo para Larrazabal ou Lelo. Se, por um lado, Batista estava protegido pelo trio à sua frente, a verdade é que não se inibiu de contribuir. Já que não foi obrigado a defender, participava em levar a equipa para longe da sua área.

Larrazabal: rápido e decidido, o ala foi, à semelhança de Lelo, um dos poucos que quis realmente ganhar o jogo. Apoiado por Nuno Moreira, o espanhol conseguiu, sobretudo na reta final do primeiro tempo, combinar com o extremo e visar a baliza contrária.

Dominguez: o médio suíço do Gil Vicente foi lançado no decorrer da segunda parte e, a solo, tentou contagiar os colegas de equipa com a vontade de atacar e, até, de vencer. Porém, Dominguez estava numa sintonia FM diferente dos restantes gilistas, uma vez que o destino era o empate e somar um ponto. O suíço quis pensar além do plano, mas, tal como Lelo, não pode jogar sozinho, até porque a linha defensiva do Casa Pia era compacta e implacável.

Gbane: o médio desvaneceu ao longo do encontro, para prejuízo de Campelos e dos adeptos gilistas que visitaram Rio Maior. Desilusão, de certo modo, porque Gbane começou por ser um quebra-cabeças para os adversários, beneficiando de um toque e drible distinto, aliados a uma velocidade considerável. Mas foi curto e efémero. Rapidamente juntou-se à tela apática da turma de Campelos.

Gonçalo Santos: se é verdade que o Casa Pia soma pontos há três jogos e não sofre golos desde que o novo técnico assumiu o leme dos «gansos», também é factual que os casapianos teimam em não convencer, ou não assumir um jogo «ligado à corrente». Com capacidade para, sobretudo pelas alas, criar perigo, o Casa Pia parece aceitar, ou se resignar, a um ponto, quando poderia ambicionar a algo mais. É o pior ataque da Liga, com 22 golos, e guarda apenas cinco pontos de vantagem sobre a linha de água. Poderá ser curto e, como mostra a história (e a vida), correr atrás do prejuízo – quando se poderia ter feito melhor – poderá ser pecado capital.