Que jogo estranho, este Rio Ave-Olhanense. Uma equipa, a da casa, tinha a cabeça na gestão e na poupança, a pensar na Taça. A outra, o visitante, precisava de uma vitória para poder ganhar uma última lufada de ar fresco na luta pela permanência.

Aproveitaram os algarvios, que travaram ciclo de maus resultados e saborearam, finalmente, o sabor do triunfo, algo que não acontecia há mês e meio.

Para o Olhanense, este era mesmo um jogo de… vida ou de morte.

Lanterna-vermelha da Liga, a equipa algarvia tinha, nesta partida em Vila do Conde, uma das últimas oportunidades de vencer nesta Liga. Basta olhar para o calendário para perceber que o Olhanense tem uma ponta final terrível: vai à Luz, para a festa do título do Benfica; recebe o FC Porto; acaba em Setúbal, noutro jogo de dificuldade elevada.

Bem diferente era o espírito do Rio Ave para este jogo. A equipa de Vila do Conde não tinha, neste duelo com o Olhanense, cuidados especiais.

Tranquilo a meio da tabela da Liga, o Rio Ave aposta tudo nas taças: já está na final da Taça da Liga (sabe-se lá quando vai saber o adversário, FC Porto ou Benfica…), terá na próxima quarta o jogo mais importante da época: se eliminar o Sp. Braga, garante presença na final da Taça de Portugal e, por consequência, na próxima edição da Liga Europa; se cair, perde oportunidade histórica de voltar a uma final da Taça de Portugal e de estar na Europa.

Tudo novo no Rio Ave


Com quatro baixas, Nuno Espírito Santo chamou quatro juniores aos convocados e nem hesitou: aproveitou o facto de não ter para esta partida uma necessidade urgente de obter os três pontos e preparou um onze totalmente diferente do que começou a partida da Luz.

Nem uma repetição entre a equipa titular que perdeu com o Benfica e a que iniciou este jogo. Roderick formou dupla de centrais com Vilas Boas. Nélson Monte, jovem internacional sub-19, foi titular pela primeira vez na Liga – e logo com uma adaptação: é central, mas atuou a lateral-direito.

Outra surpresa foi a chamada de Ernest, também sub-19, ganês de boa movimentação que dá ares de Atsu.

Na frente, Nuno experimentou dois pontas-de-lança logo de início.

Rio Ave marca, Olhanense reage

Mesmo com uma equipa totalmente alterada, o Rio Ave começou melhor o jogo. Velikonja, num remate de primeira após jogada de insistência, colocou a equipa da casa em vantagem.

O jogo parecia talhado para o Rio Ave terminar com o fantasma da falta de triunfos em casa: o Olhanense, em nítida crise de confiança, demorava a reagir à desvantagem.

Mas a dificuldade do conjunto de Vila do Conde encarar as partidas em casa insistiu em voltar a mostrar-se.

Em vez de chegar perto do 2-0, o Rio Ave acabou por permitir que o Olhanense chegasse ao 1-1. Sampirisi centrou, Lucas Souza cabeceou colocado: belo golo.

O jogo mudava, num repente, as suas características. A equipa de Galderisi voltou a acreditar.

A surpresa consuma-se

O segundo tempo agravou as carências deste «Rio Ave B» a poupar-se para a Taça. O Olhanense apostou no contra-ataque, Lucas Souza voltou a mostrar-se um perigo, Dionisi concretizou as ameaças feitas na primeira parte e marcou mesmo.

O Rio Ave ainda tentou evitar a derrota, é certo, mas na verdade não se importunou assim tanto com o insucesso. Não resolveu o fantasma dos jogos em casa, mas guardou-se para o essencial: o jogo com o Sp. Braga para a Taça de Portugal.

O Olhanense pode continuar a sonhar, mesmo que o calendário não lhe permita grandes planos de sobrevivência.