Num diferendo entre vizinhos, neste caso separados por pouco mais de vinte quilómetros, mandam os donos da casa. O Estrela tinha ganho na primeira volta na Reboleira (2-1), e agora foi a vez do Estoril reclamar os três pontos, com um golo de Mateus Fernandes, por sinal, o primeiro do ex-sportinguista, a desbloquear um jogo novamente muito equilibrado. A equipa da Amadora somou já o sétimo jogo sem vencer e viu os canarinhos descolarem na classificação.

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Duas equipas que têm tido um percurso muito similar na Liga e que chegaram a esta ronda exatamente com os mesmos 18 pontos. Um jogo que começou muito equilibrado, muito tático, com os dois conjuntos a apostaram, em primeiro lugar, na organização defensiva, para depois aguardarem por um erro do adversário. O problema, para os dois lados, é que não houve muitos. O Estoril procurou assumir as despesas do jogo, mas rapidamente deparou-se com um bloco inultrapassável do Estrela que defendia com duas linhas de quatro, muito bem articuladas, na defesa dos espaços.

Nos primeiros minutos, a equipa de Sérgio Vieira nem se preocupou muito com a bola, dando total prioridade à deslocação do tal bloco, que, com bola, progredia, em marcha-lenta, obrigando os canarinhos a recuar em toda a linha, muitas vezes até ao interior da sua área. Sem Rodrigo Gomes, a cumprir castigo, o Estoril tentava sair do bloqueio por Tiago Araújo, muito ativo na esquerda, mas também por Rafik Guitane, no lado contrário, mas a equipa da Reboleira estava precavida parta essa possibilidade e também fechava bem os flancos.

Tivemos, portanto, um jogo muito tático, mas com um Estela cada vez mais confortável na forma como estava a tirar dividendos da sua estratégia. A primeira oportunidade até foi dos visitantes, com Léo Jabá a destacar-se sobre a esquerda e a rematar na passada para defesa de Dani Figueira. O Estoril insistia em sair pelas alas e, de tanto insistir, lá escapou uma vez, com Rafik Guitane a cruzar da direita para uma cabeçada de Alejandro Marqués que Bruno Brígido defendeu sobre a linha de golo. A bola ainda ficou solta, o venezuelano tentou lá chegar e acabou por chocar com o guarda-redes do Estrela, gerando-se um pequeno sururu sem consequências graves.

Já a fechar a primeira parte, Tiago Araújo perdeu uma bola, em mais uma tentativa de saída, permitindo a Kikas visar a baliza de Dani Figueira, mas o remate saiu-lhe por cima da trave. O intervalo chegou logo a seguir.

A segunda parte foi bem diferente, desde logo, porque o Estoril entrou mais solto de amarras, com maior liberdade para o improviso, diante de um Estrela que continuava a apresentar um bloco compacto. Logo a abrir, na sequência de um canto marcado por Mateus Fernandes, sobre a esquerda, Alejandro Marqués rematou de primeira, junto ao segundo poste, para mais uma determinante defesa de Bruno Brígido que, nesta altura, já era um dos destaques do jogo.

Sérgio Vieira foi o primeiro a mexer, refrescando o meio-campo, e o Estoril marcou logo a seguir, quando o rival procurava ainda assimilar as alterações promovidas pelo treinador. Um lance trabalhado por Rafik Guitane que, sobre a direita, cruzou atrasado para a entrada da área. Mateus Fernandes amorteceu a bola com o peito e disparou rasteiro, fazendo a bola passar por entre as pernas de dois jogadores do Estrela que bloquearam a visão de Bruno Brígido que, quando viu a bola chegar, já era tarde demais.

Um golo que deixou o Estoril ainda mais confortável no jogo, diante de um Estrela que teve de se adaptar a um novo cenário. Sérgio Vieira promoveu, desde logo, novas alterações, partindo o bloco inicial em dois, para apostar num jogo mais direto, mas agora o Estoril estava nas suas sete quintas, com mais espaço para as habituais transições.

Nos minutos que se seguiram o Estoril teve oportunidade para matar o jogo, com destaque para um remate de João Marques que passou a rasar o poste. O Estrela só conseguiu pressionar nos instantes finais e ainda chegou a ameaçar o empate, primeiro numa investida de Ronaldo Tavares que, depois de sentar Bernardo Vital, permitiu a defesa de Dani Figueira. Uma defesa determinante, já perto do final do jogo, que levou os adeptos, inclusive, a gritar pelo nome de «Dani».

Já mesmo a fechar o jogo, novo calafrio na área do Estoril, desta vez com André Luís, com um remate acrobático, a fazer a bola passar muito perto do poste.

Não houve mais golos e a festa foi mesmo do Estoril que, desta forma, descola do Estrela, e entra na casa dos vinte pontos na classificação.