Vítor Campelos, treinador do Gil Vicente, em declarações na sala de imprensa do Dragão, após a derrota por 2-1 frente ao FC Porto, em jogo da sexta jornada da Liga:

«Fizemos um bom jogo. Na antevisão disse que seríamos uma equipa personalizada, a querer ter bola e com os olhos na baliza adversária. Não entrámos tão bem no jogo e sofremos o 1-0. Depois ficámos mais tranquilos, confiantes e chegámos ao empate com mérito.

Sabíamos que o FC Porto ia apostar tudo. Continuámos organizados e com olhos postos na baliza contrário. Tivemos duas ou três oportunidades para marcar, mas o Diogo Costa esteve muito bem. E sofremos um golo já nos descontos depois de uma falta evitável. Tínhamos de ser mais agressivos a atacar a bola. Estamos tristes pelo resultado, entendemos que é injusto pelo que se passou. Mas levámos coisas boas.

Nós, treinadores, sabemos o que é a adrenalina e o tempo que demora a recuperar de um jogo. Ainda por cima quando sofremos nos descontos e quando antes poderíamos ter marcado. É um coração de treinador. Fui adjunto do Toni e lembro-me de as pessoas perguntaram-lhe como é que ele estava. E ele respondia: 'Estou como um mister". Nesta profissão não há um momento em que não estejamos a pensar em quem levou cartões, em quem está lesionado. É a nossa profissão, é o que gostamos de fazer. Merecíamos outro resultado, mas temos de pensar no próximo jogo.»

[Mudança de postura no Gil no jogo]:

«Da mesma forma que quando sofremos ficámos mais pressionantes, se calhar o FC Porto marcou e ficou ligeiramente mais baixo. É o subconsciente dos jogadores a funcionar.Nem depois do empate dissemos à equipa para ficar mais baixa ou mais defensiva. Não jogámos sozinhos e o FC Porto empurrou-nos para trás. Jogamos sempre para ganhar, mas depois podemos alterar a estratégia em função do adversário. Viemos ao Dragão jogar um futebol que nos permitisse levar a vitória. Pelas oportunidades que tivemos, o resultado poderia ter sido outro. Fico feliz pelo que criámos, pela postura e organização que tivemos. Assim vamos fazer muitos mais pontos e um bom campeonato.»

[Sobre os três homens do meio-campo]:

«O todo é maior do que a soma das partes. Os jogadores têm qualidade téncica, mas acreditam no trabalho, nos colegas e, mais importante que tudo, sabem que a felicidade do colega é a sua felicidade. A ideia é essa. Trabalhar no máximo e ter alegria no que fazemos. Quando todos estamos bem, essas energias tornam a equipa mais forte. Alguns jogadores chegaram perto do fecho do mercado e não é num estalar de dedos que colocamos a equipa a jogar. Mas estou muito feliz pelo que todos têm feito e por "fazerem o favor" de acreditar nas ideias.»

[Sente que as equipas ditas pequenas estão a ombrear com as ditas grandes]:

«O plantel de uma equipa dita grande tem 25 ou 26 jogadores e quase todos têm a mesma qualidade. Ainda para mais são permitidas cinco substituições, é meia equipa que é mudada e a qualidade continua. Associado a isto, há o tempo de descontos da Liga. Li no outro dia que a Liga portuguesa é a segunda com maior tempo de descontos apenas atrás da segunda divisão da Arábia Saudita. Isso favorece os grandes. 

Um clube que tenha uma ou outra lesão e que não tenha um plantel com jogadores equivalentes... Mas os treinadores portugueses dão boas respostas mesmo quando trabalham lá fora. Portugal produz grandes jogadores de nível mundial e produz bons treinadores. Tanto na Liga, como na II Liga ou na Liga 3, há qualidade. Já assisti a treinos de formação e também se trabalha muito bem. Apesar de as equipas grandes terem orçamentos para comprarem jogadores de outro nível, as outras equipas estão atentas a mercados diferentes e a jogadores de qualidade. Depois há a questão das condições. E o Gil dá boas condições.»