André Horta voltou a lesionar-se e aumentou de novo o número de clientes do departamento médico do Benfica. O médio português é o mais recente jogador dos encarnados a entrar de baixa, numa época incrível sob o ponto de vista clínico e que já levou 20 jogadores a registarem-se na enfermaria.

O trabalho desempenhado por Rui Vitória tem sido coartado pelas sucessivas lesões que o plantel tem sofrido. O Maisfutebol fez a recolhas dos dados disponibilizados pelo clube e verificou que, desde a pré-temporada, houve já 29 situações de saúde que impediram os jogadores de darem contributo (descritas mais abaixo). O problema é transversal a todos os setores da equipa, desde a baliza até ao ataque. Para além disso, reforce-se, nem todas as situações aconteceram ao serviço das águias, como são, por exemplo, os casos de André Horta ou Raul Jimenez.

Parecido com o Barcelona, mas pior

O Benfica não é o único clube da Europa com um problema grave de lesões. O Borussia Dortmund é o caso mais fácil de apontar, pelo mediatismo do emblema alemão e porque quando veio a Alvalade defrontar o Sporting tinha 11 lesionados ao mesmo tempo.

Iniesta sofreu contusão no joelho e rotura parcial do ligamento lateral do joelho. É o caso mais complicado em Camp Nou

Apesar das muitas lesões desde julho, os encarnados nunca chegaram a ter 11 futebolistas inscritos no boletim clínico. Sete foi o número máximo, em informações divulgadas em dois dias 13: de setembro (Jardel, Danilo, Rafa, Jonas, Jovic, Raul e Mitroglou)  e outubro (Júlio César, Jonas, Jardel, Raúl Jimenez, Samaris, Rafa e André Horta).

Para além do Dortmund, há o Barcelona. De acordo com uma levantamento feito pelo jornal Marca, os catalães já tiveram 17 jogadores lesionados e 21 casos clínicos: um número muito parecido ao das águias, mas ainda assim menor.

Maior parte das lesões são traumáticas

Através dos boletins clínicos e informações clínicas avançadas pelo Benfica, e sublinhe-se aqui a fonte, a maior parte das lesões são traumáticas, ou seja, de prevenção difícil.

O caso de Fejsa servirá de exemplo, porque é um dos mais recentes: o sérvio lesionou-se pela segunda vez na época depois de ter recebido uma forte entrada de um adversário no jogo com o Dínamo Kiev.

Na contabilidade, há 16 lesões que entram na classificação de traumáticas: aquelas que são descritas pelo departamento clínico do Benfica com esse mesmo nome, e as entorses, provocadas por outros ou pelo próprio atleta, mas que não se tratam de lesões musculares.

Apesar da maioria das lesões serem traumáticas, Jardel já sofreu duas musculares

Já estas são 10 e estão muito mais ligadas à preparação do atleta do que as anteriores. Recorrendo a Fejsa: estar no topo da forma física de pouco lhe valeria para evitar a entorse da tibiotársica sofrida frente ao D. Kiev. 

Éderson tem um capítulo só para ele, porque um problema no menisco tanto pode ser traumático como degenerativo. E não há informação complementar.

Jonas, o mais problemático dos casos

Jonas garante que não está deprimido. O internacional brasileiro sublinhou que a recuperação decorre, em termos mentais, de modo normal. No entanto, o camisola 10 tem sido o caso mais problemático de todos.

O primeiro problema surgiu a 31 de julho. Jonas ficou com gripe e falhou o jogo com o Lyon por causa disso. Estava-se na pré-época e, curiosamente, o encontro com os franceses iria trazer mais baixas: André Almeida e Mitroglou com traumatismos faciais.

Jonas com Lisandro: o primeiro é o caso mais problemático, o segundo é um dos onze jogadores que escaparam a lesões

Recuperado do síndrome gripal, o melhor marcador do Benfica em 2015/16 apresentou-se na Supertaça em Aveiro. Jogou 78 minutos e apontou um golo. Depois, a 12 de agosto, voltava ao boletim por ter submetido a uma cirurgia. No final do mês, o brasileiro entrou em campo na vitória sobre o Nacional, a 27 de agosto. E os campeonatos pararam para dar lugar às seleções.

Jonas voltou à «enfermaria» para drenagem de um volumoso hematoma pós-traumatismo do pé direito. A informação surgiu a 9 de setembro. E o 10 ainda não voltou.

Os onze duros do «pelotão»

Na contabilidade do Maisfutebol entraram os nomes de Marçal, Dawidowicz e Rui Fonte. Os três estavam ao serviço de Rui Vitória e surgiram na informação oficial do clube. Junior Benitez esteve lesionado em Braga, mas nunca apareceu nos boletins clínicos da Luz, por isso ficou excluído.

Do outro lado da barricada, há onze jogadores que não sofreram qualquer problema até ao momento. São os duros do pelotão de Rui Vitória. O treinador já teve de socorrer-se da equipa B para completar as opções para os jogos.

Foi nesse contexto que surgiu José Gomes, por exemplo. A 9 de setembro, os encarnados informavam das lesões de Jonas, Mitroglou e Jimenez. A linha avançada era devastada e o Benfica partiu para a estreia na Liga dos Campeões sem nenhum dos matadores: jogaram Guedes e Cervi na frente. Este encontro foi, provavelmente, o que mais dores de cabeça deu ao treinador, pois teve todo o setor lesionado: Luka Jovic também estava de fora por lesão.

Assim, e como José Gomes já atuou pelo Benfica, o Maisfutebol incluiu-o no lote de futebolistas que resistem às lesões. Os restantes são Paulo Lopes, Lisandro, Lindelof, Eliseu, Nelson Semedo, Celis, Pizzi, Carrillo, Guedes e Cervi.

Todas as lesões no Benfica 2016/17.

*Júlio César transitou lesionado da época passada

** Marçal, Dawidowicz e Rui Fonte não ficaram no plantel apesar de terem estado na pré-temporada