O presidente da Liga de Clubes Mário Figueiredo assumiu abertamente a guerra que mantém com a direção da Federação Portuguesa de Futebol, numa entrevista à RTP Informação esta segunda-feira, dizendo que o querem afastar por ter incomodado «velhas alianças».

«Se posso ser acusado de algo é de ter cumprido os objetivos programados em 2012. Cumpri o que prometi e fi-lo com toda a honestidade. Isso pôs em causa um conjunto de equilíbrio de forças que existe no futebol português há mais de vinte anos, causando incómodos em velhas alianças», referiu.

«Nos últimos vinte anos tivemos um futebol ancorado num conjunto de poderes que dominavam a parte económica, com os direitos televisivos, as arbitragens e a disciplina. São pessoas que desenvolveram uma teia de poder e influência brutal. As interferências do poder executivo não têm tido efeito», destacou ainda o presidente da Liga sem, no entanto, fazer referência a nomes.

«Máquina da FPF percebe pouco de futebol»

Mário Figueiredo foi mais longe e criticou a forma como a FPF tem gerido a situação da Seleção Nacional e do selecionador Paulo Bento depois do Mundial-2014. «Achei pouco avisada a renovação de contrato do selecionador antes do mundial e os resultados estão à vista. A FPF fez milhões à custa da imagem de Cristiano Ronaldo, foi para os Estados Unidos e não fez a devida preparação para o Mundial», atirou.

«A máquina da FPF é uma excelente máquina de comunicação e marketing, mas de futebol percebe pouco. Fernando Gomes devia assumir responsabilidades nesta matéria. Afirmar que houve incompetência mas atribuir a responsabilidade ao médico foi tapar o sol com a peneira. Fez-se um relatório e depois iniciou-se o ciclo do Europeu com o problema mal resolvido, com uma bomba prestes a explodir», referiu ainda.

Apesar de tudo, Mário Figueiredo acredita que a Seleção Nacional vai acabar por conseguir a qualificação para o Euro-2016.