Sinais vitais perdidos, a matemática confirma a descida. A sétima jornada consecutiva sem vencer por parte do Vizela consumou um cenário que há muito vinha a ser traçado. A três rondas do final do campeonato o Vizela não consegue adiar a despedida do convívio com os grandes do futebol português. Desde de divisão.

Sabor ainda mais amargo para o final trágico, a descida fica definida a quatro quilómetros de casa, no reduto de um dos principais rivais. As contas, à partida para esta jornada eram simples: o Vizela não podia perder no jogo de abertura. Uma bomba de Ofori, a meio da primeira parte, teve como estilhaço esse dano colateral. Desce o vizinho.

Depois do regresso aos triunfos na última jornada, em Portimão, o Moreirense dá mais um passo de cimentação do sexto lugar, último que dá direito a disputar a Taça da Liga na próxima temporada. O jogo, esse, decorreu em ritmo de fim de época, em descompressão, com essa enorme carga emocional para o lado da equipa que trajou de azul.

Isolados não, tem de ser à bomba e com estilo

Todo o contexto que envolveu o embate fez-se sentir à flor da relva. Confortável, o Moreirense apostou em alguma dose de cinismo para atrair um Vizela frágil ao erro. Foi precisamente isso que aconteceu, já praticamente sem sinais vitais o conjunto de Ruben de la Barrera não teve a crença que demonstrou noutros momentos da temporada.

Mesmo sem fazer um grande jogo, nos limites da intensidade, o Moreirense colocou três homens na cara de Ruberto ainda na primeira metade. Completamente isolados, com tempo e espaço para tudo. Camacho e Matheus Aiás permitiram a defesa, grandes defesas, ao guarda-redes vizelense. Asué atirou forte, mas à malha lateral.

Não sendo num desses lances, as hostilidades abriram-se à bomba e com estilo. Ofori inaugurou o marcador com um golaço, é apenas o primeiro da jornada, mas é um sério candidato ao golo desta ronda. De fora da área, o médio aproveitou uma bola ressacada de um canto para atirar para o fundo das redes. Ruberto resumiu-se a ver a bola passar.

Controlo sem sobressaltos

Esse golo do médio ganês, ainda a meio da primeira metade, decidiu o jogo. Foi uma questão emocional. A tranquilidade da equipa de Rui Borges permitiu gerir os timings do jogo, sem sobressaltos e sem correr riscos. Mesmo sem grande ousadia, a margem mínima ia sendo suficiente.

Do outro lado, a questão emocional teve efeito inverso. O conjunto de Ruben de la Barrera não se conseguiu soltar, não conseguiu focar-se apenas no jogo. O turbilhão de toda uma época terá pesado e o Vizela não teve capacidade para esboçar uma verdadeira reação que permitisse fugir ao destino.

Um destino que há muito estava traçado, um traçar longo e penoso do último classificado da Liga, que nas últimas dez jornadas apenas foi capaz de ganhar numa. As páginas bonitas do Vizela, com duas subidas consecutivas desde o Campeonato de Portugal com uma manutenção inédita na primeira, ficam-se por aqui. Cai em casa do rival, ao fim de três épocas de primeira.