Nélson Puga, médico do FC Porto, abordou em entrevista ao Porto Canal o possível regresso do futebol numa altura em que pandemia de Covid-19 ainda não deverá estar afastada do quotidiano dos portugueses.

«Os jogadores querem muito regressar aos treinos e aos jogos. Em condições de segurança para si e para as famílias, mas querem treinar», referiu, revelando os procedimentos que serão adotadas nos próximos meses.

«Primeiro, começaremos a treinar isoladamente, com grupos separados de jogadores e, mais tarde, quando começarem os treinos de grupo, todos jogadores, staff e conviventes próximos serão testados. Estando negativos, a certeza e a segurança de que estamos a conviver com não infetados é maior. Criando ou mantendo os procedimentos de prevenção necessários, dessa forma vamos continuando a diminuir o risco para probabilidade muito baixa de contágio. Numa última fase, antes de começarem os jogos, 48 horas antes vamos testar a população. Se tudo for negativo, vamos a jogo com todas as precauções. (...) O que me preocupa nem é o que possa acontecer entre os próprios jogos ou treinos, é o que possa acontecer fora do nosso ambiente», disse.

Nélson Puga elogiou a atuação das instâncias desportivas no combate à pandemia, mostrando-se convicto de que o campeonato poderá ainda ser concluído antes de agosto. «Estou em crer que sim. Felizmente, a pandemia surgiu em Portugal com um bocadinho de atraso, o que permitiu que Portugal pudesse tomar medidas com antecipação, por comparação com cenários mais preocupantes», disse.

«A sociedade e o futebol vão ter de retomar. O futebol mostrou à sociedade o caminho que devia ser adotado quando acabou antes ainda do estado de emergência», acrescentou, garantindo que a planificação do recomeço está a ser feita de forma responsável para que a seu tempo estejam reunidas todas as condições.

O clínico falou também dos procedimentos a adotar no cenário hipotético de um jogador de um determinado clube ser infetado quando o campeonato foi retomado. «O campeonato pararia se essa medida fosse aplicada no início da pandemia. Mas já estamos a perceber que há vários níveis de adaptação e nem toda a gente que contactou com um infetado fica em quarentena. Os de baixo risco já não são aconselhados a realizar o teste. (...) O que é lógico no futuro é que se existir alguém que tenha Covid positivo, esse fique isolado, e sejam testados os que tiveram contacto próximo ou sejam considerados de alto risco e a vida tem de prosseguir com normalidade desde que outros sejam negativos e assintomáticos. É assim que vamos atuar e a sociedade o irá fazer. Antes de começarmos, vamos tentar realizar testes imunológicos a toda a nossa população a ver se temos pessoas já imunes e esses podem ter medidas mais alargadas do que os restantes», acrescentou.