*por Paulo Graça

O Vento. Este deve ter sido o jogo de futebol em Portugal onde esse elemento climatérico mais influência teve no marcador.

Na primeira parte o Paços de Ferreira tirou partido desse vento para, na segunda, ser a equipa de Jokanovic a «alinhar» com mais esse factor. Não se pode acusar os jogadores, pois jogar nestas circunstâncias exige um poder físico fora do comum e nisso foram exemplares.

E assim o Nacional vê a sua situação muito mais complicada, mantendo os quatro pontos abaixo da linha de água.

E parece uma miragem a manutenção, como os três pontos foram levados pelo vento...  

Jokanovic fez quatro alterações no seu habitual onze, chamando à titularidade Salvador Agra, na ala esquerda, Tiago Rodrigues, no meio campo, Rui Correia (central) e Vítor Garcia (lateral). Já o Paços de Vasco Seabra não mudou muito o seu esquema táctico, jogando com Welthon e Pedrinho em dupla avançada, com quatro homens ao meio, que lhe concedia superioridade numérica nas transições ofensivas.

E mesmo jogando contra o vento, foi do Nacional a jogada de maior perigo até ao intervalo. Ainda não ia decorrido o minuto dois e Tiago Rodrigues, isolado após excelente passe de Aristeguieta, punha à prova Defendi, que correspondeu com uma excelente defesa a um remate à «queima roupa».

Os visitantes aproveitavam o vento e iam-se instalando no meio campo nacionalista, mas só de bola parada é que o perigo chegava à baliza de Adriano. Fora esses lances, aquele que levou maior aflição para a defensiva alvinegra tinha sido um remate de Welthon de muito longe, quase do meio campo, que obrigou o guardião da casa uma defesa de recurso para canto.

Aos 32 minutos veio aquilo que há muito se esperava...um golo com a ajuda do vento, apesar da boa execução técnica do jogador do Paços. Pedrinho bateu o canto, a meia altura, a bola foi que nem uma flecha para dentro da baliza de Adriano, mudando de trajetória repentinamente por ação do vento, deixando o guarda-redes sem qualquer tipo de reação.

Estava feito o 0-1, com o Paços a beneficiar desse factor climatérico para ir para os balneários com uma preciosa vantagem.

Uns 45 minutos que não deixaram saudade quanto à qualidade do futebol. Na verdade era impossível ser praticado de outra forma, pois o vento foi quem mandou nas ações dos jogadores.

Com Hamzaoui no lugar de César, após o intervalo, Jokanovic estava à procura de manter a vantagem numérica no ataque, também à espreita da felicidade, tirando partido de jogar com o vento a seu favor dessa vez.

E o Paços até começou melhor, com Diego Medeiros a obrigar Adriano a nova defesa, aproveitando uma fífia de Sequeira. Depois o Nacional instalou-se no meio campo adversário e foi aproveitando a ajuda do vento, mas o golo demorava a aparecer. Existia vontade e empenho, mas os remates nem com o vento iam à baliza de Defendi.

Vasco Seabra equilibrava a zona defensiva com a entrada de Cristian para o lugar de Pedrinho, o autor do golo do Paços. Os últimos 15 minutos foram de sofrimento para o Paços, com o Nacional a fazer de tudo para, pelo menos, chegar ao empate.

A igualdade surgiu aos 78 minutos. Depois de um livre de meio campo de Tiago Rodrigues, que o vento levou para o interior da pequena área, Cádiz desviou de cabeça para o fundo da baliza de Defendi.

Apesar do «forcing» final, foi apenas no último minuto de compensação que o Nacional esteve perto do golo do triunfo, mas os sucessivos remates dos jogadores do Nacional foram esbarrando na defensiva contrária, com o último remate de Tiago Rodrigues a sair ao lado da baliza de Defendi.

Uma vitória que o vento levou mas que devolveu para um empate justo. Quanto à qualidade, impossível...fazer mais.