Pela primeira vez nesta temporada, o Sporting tropeçou duas vezes seguidas na Liga e no espaço de uma semana viu reduzida de dez para seis pontos a vantagem sobre o vice-líder FC Porto.

Ainda que diante de um adversário que foi arrojado quando pôde e soube sofrer quando teve de ser, os leões voltaram a exibir-se muitos furos abaixo do que já exibiram em 2020/21. Cresceram na segunda parte, apertaram nos minutos finais, mas a sorte virou-lhes costas.

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Ruben Amorim promoveu duas alterações relativamente ao jogo anterior. Neto rendeu o lesionado Gonçalo Inácio e Tiago Tomás juntou-se a Paulinho na frente, recuando Pedro Gonçalves para o meio-campo, de onde saiu Daniel Bragança.

Em franco crescimento desde a chegada de Ivo Vieira na 23.ª jornada, o Famalicão apresentou-se desinibido em Alvalade. O técnico dos minhotos havia garantido que ia em busca dos três pontos as palavras ficaram bem vincadas na casa do líder isolado do campeonato.

Futebol apoiado, forte reação à perda e enorme capacidade da zona intermediária para levar a melhor nos duelos e estancar inúmeras vezes os ataques leoninos quase à nascença.

O Sporting respondeu com alguma acutilância ofensiva dos alas e a procura da profundidade de Tiago Tomás, regularmente solicitado desde a defesa por Coates.

O primeiro lance de verdadeiro perigo do líder do campeonato só surgiu ao minuto 20, quando Tiago Tomás disparou pela direita e viu depois Riccieli negar-lhe o sucesso na assistência para Paulinho.

Algum romantismo da «Era João Pedro Sousa» e muita organização. Este novo Famalicão junta o melhor de dois mundos para um treinador, mas não quando o lado naive se sobrepõe a tudo o resto.

E a ânsia pelo futebol apoiado custou caro aos minhotos aos 25 minutos. Iván Jaime baixou para ajudar a equipa a sair, mas, pressionado, perdeu a bola para Pedro Gonçalves em zona proibida e o melhor marcador dos leões marcou depois de combinar com Paulinho.

Mesmo combalido, o Fama cerrou os dentes e dois minutos depois chegou ao empate. Porro falhou o tempo de salto e abriu espaço para a corrida de Rúben Vinagre. O resto fizeram a qualidade de Iván Jaime, no passe, e de Anderson Silva na definição final. Melhor resposta era impossível.

A primeira parte terminou com relativa divisão na posse de bola e uma equipa visitante demasiado confortável, o que levou Amorim a mexer no tabuleiro para o regresso dos balneários.

Matheus Reis rendeu um pouco fiável Feddal e Daniel Bragança entrou para o lugar do amarelado João Palhinha.

O leão tornou-se mais dominante e o Famalicão baixou as linhas.

Tiago Tomás ameaçou o golo e o Famalicão respondeu pouco depois numa altura em que, mesmo faltando quase meia-hora até ao apito final, já só saía através de transições rápidas.

As entradas de Jovane, primeiro, e depois de Nuno Santos encostaram definitivamente o Famalicão às cordas.

Como em tantas outras vezes, a melhor face do Sporting viu-se nos derradeiros minutos, o que não deixa de ser uma tendência perigosa e algo pouco justificável. Ainda assim, não faltaram oportunidades (Porro, Bragança e Jovane – esta soberana! – já nos descontos) e também não faltou Coates a terminar o jogo como ponta de lança.

Mas, desta vez, tal como há uma semana em Moreira de Cónegos há uma semana, faltou a tal estrela a pairar sobre os verde e brancos.

O que quererá isto dizer do equilíbrio emocional de um leão aparentemente imparável até há bem pouco tempo e do próprio campeonato?