Martin Pringle abriu o coração em entrevista ao jornal sueco Aftonbladet e confessou que só quando chegou ao Benfica, em 1996, é que percebeu que não era «assim tão bom jogador». Ainda assim, conta que depois de passar a quinta escolha na Luz, ainda conseguiu chegar à Premier League com a ajuda de Graeme Souness.

O avançado começa por contar que os primeiros anos passaram a voar. Neste período, Pringle via-se como um craque.

«O início da minha carreira foi muito especial. Foi tudo tão rápido que eu não tive tempo para me habituar. Estava sempre a caminho da próxima coisa. Deixei de trabalhar como DJ e comecei a jogar na II Divisão, depois fui para o Helsingborg. De repente estava na seleção. Depois passei a profissional e cheguei a um dos maiores clubes da Europa. Tudo isso aconteceu em menos de dois anos. Fui do Stenungsunds para o Benfica, através da seleção sueca», começa por recordar.

Uma ascensão meteórica que levou o jovem Martin ao engano: «Desde o início, tudo isso me fez pensar que eu era muito bom no futebol, mas depois vim para o Benfica e percebi que afinal não era tão bom como pensava. Foi um despertar. Pelos padrões suecos, eu era tecnicamente um bom jogador de futebol, mas em comparação com os portugueses, eu não conseguia dar dois toques na bola, nem com a bola presa a um fio. Havia uma enorme diferença entre eu e eles. Percebi o quão bons os jogadores de alto nível eram, o quão longe eu estava deles. De certa forma, foi doloroso, mas por outro lado foi mágico.»

Apesar de tudo, o avançado sueco diz que só tem «de agradecer ao Benfica», porque foi o emblema da Luz que lhe «deu a oportunidade de chegar a Inglaterra» e à Premier League. «Nunca conseguiria chegar lá diretamente da Suécia, mas tornei-me num jogador de futebol muito mais habilidoso em Portugal», prossegue.

Pringle confessou que ainda acreditou que podia fazer carreira no Benfica. «Na época de 1998/99, fui titular nos três primeiros jogos. Vencemos todos e marquei no terceiro, contra o Beira-Mar. Mas no quarto jogo, perdemos com o Farense e, depois disso, venderam o Brian Deane ao Middlesbrough. Depois Graeme Souness comprou o Dean Saunders que levava com ele para todo o lado, enquanto o nosso presidente comprou Jorge Cadete ao mesmo tempo. No banco estavam ainda Nuno Gomes e o grande craque João Pinto», conta.

Pringle passou, assim, de titular, para quinta escolha no plantel de Souness. O avançado percebeu que não ia voltar a ter oportunidades e pediu ao treinador escocês para o ajudar a encontrar clube em Inglaterra. Foi assim, que Pringle chegou ao Charlton onde cumpriu três temporadas antes de contrair uma grave lesão. Atualmente, o antigo internacional sueco é treinador de futebol feminino.