Missão cumprida num final de tarde repleto de calafrios! O Sporting chegou facilmente ao 2-0 e parecia embalado para uma goleada, tantas foram as oportunidades que criou, mas foi acordado com duas chapadas violentas do Farense que obrigaram a equipa de Ruben Amorim a acordar para a realidade. O leão respondeu rápida e recuperou a vantagem, mas a verdade é que, tal como já tinha acontecido em Faro, teve de sofrer até final. Muito por culpa própria, diga-se.

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Ruben Amorim voltou a gerir a equipa, com quatro alterações em relação ao dérbi com o Benfica e com duas estreias, entre os titulares, na Liga. Além de Franco Israel, no lugar do lesionado Adán, St. Juste também jogou, pela primeira vez de início na Liga, mas o treinador foi mais longe e também lançou Ricardo Esgaio e Daniel Bragança e recuperou ainda Nuno Santos. Várias mudanças, mas os mesmos automatismos, com a equipa a sair a jogar da mesma forma e percorrer os mesmos caminhos para a baliza adversária.

Com dois jogadores em cada ala, os leões abriam facilmente caminho pelos corredores, com rápidas combinações para chegar à linha de fundo, para depois chegar à área. O Farense procurava fechar-se com duas linhas simétricas de quatro jogadores, mas os leões, com um jogo rápido, ao primeiro toque, conseguiam abrir brechas na defesa algarvia e as oportunidades começaram a surgir, umas atrás das outras, a um ritmo vertiginoso.

O primeiro golo, aos 11 minutos, surgiu na sequência de uma investida sobre a direita, com um passe a rasgar de St. Juste com Edwards a descer até à linha e a combinar com Esgaio que cruzou tenso. Pastor tentou afastar o perigo, mas colocou a bola nos pés de Daniel Bragança que rematou forte, com a bola a ir à trave antes de entrar. Estava feito o primeiro da tarde.

Entre o primeiro e o segundo golo houve mais um festival de oportunidades desperdiçadas. St. Juste, na sequência de um canto, cabeceou ao poste, num lance que levou muitos adeptos a gritar golo nas bancadas. Ilusão de ótica. Logo a seguir, na sequência de um cruzamento de Nuno Santos, Talys, ao tentar cortar a bola, atirou também à trave, com a bola a ir ao solo sem entrar. Incrível.

Se o primeiro golo foi desenhado sobre a direita, o segundo surgiu da esquerda, onde surgiu Pote, com espaço, a descer até à linha de fundo e a cruzar tenso para Gyökeres desviar do primeiro poste para o segundo. O sueco chegou aos 18 golos na Liga e, desta forma, voltou a alcançar Banza no topo da lista dos melhores marcadores. Estava feito o segundo e, nesta altura, o Sporting parecia definitivamente lançado para uma goleada, até porque o Farense ainda não tinha incomodado. Foi de forma discreta, de pantufas, que os algarvios chegaram ao golo, num lance que parecia inofensivo. Zé Luís amorteceu uma bola para Belloumi encher o pé para um golo tão surpreendente como bonito. Franco Israel parece mal batido, mas a verdade é que ninguém estava à espera que o argelino rematasse dali.

O Farense voltava a entrar na discussão pelo resultado e o Sporting voltava a pressionar junto da área de Ricardo Velho, mas agora diante de um adversário mais confiante, que já conseguia sair a jogar. Até ao intervalo, os leões tiveram mais oportunidades para conseguir um resultado mais dilatado, mas o intervalo chegou depois de mais um susto. Ao tentar antecipar-se a Zé Luís, numa das raras aparições do avançado na área do Sporting, Franco Israel chocou de forma violenta com Matheus Reis. Nuno Santos chamou de imediato a equipa médica, uma vez que o guarda-redes estava com sangue na face, mas o argentino acabou por recuperar sob aplausos.

Mais uma chapada para acordar o leão

O Sporting, muito perdulário, chegava ao intervalo a vencer apenas por um golo e punha-se a jeito para o que veio a seguir. Logo a abrir a segunda parte, Zé Luís, lançado por Belloumi, rematou com estrondo à trave. Ainda com a baliza de Franco Israel a tremer, Elves Baldé, na marcação de um livre, obrigou Franco Israel a aplicar-se para evitar o empate. Não foi à primeira, nem à segunda, mas foi à terceira. Canto da direita e cabeçada certeira de Zé Luís. Estava feito o empate em Alvalade e fez-se um silêncio profundo nas bancadas.

O Sporting reagiu rápido e, em dois tempos, recuperou a vantagem, num lance simples, com Esgaio a descer mais uma vez pela direita e a cruzar para a finalização fácil de Pote. O leão voltava a passar para a frente, mas agora, com um duplo aviso, com bastantes mais cautelas, no relvado e no banco, com Ruben Amorim a procurar dar mais solidez à sua equipas, com as sucessivas entradas de Morita, Trincão, Quaresma e Coates.

Do outro lado, o Farense, com a confiança que os dois golos lhe deram, continuava a acreditar que era possível sair de Alvalade com pontos e proporcionou um jogo mais aberto, com linhas mais subidas e o Sporting teve, mais uma vez, uma mão cheia de oportunidades para chegar a um resultado mais confortável. Nuno Santos, a passe de Gyökeres, tentou um novo golo de letra, Paulinho, com a baliza pela frente, também acertou num adversário.

Já mesmo perto do final, Viktor Gyökeres, obstinado, levou tudo à frente em drible, entrou na área e cruzou tenso, mas Daniel Bragança ficou a centímetros do «bis». O golo da tranquilidade nunca chegou e o nervosismo e a ansiedade cresceram a olhos vistos nos instantes finais, com muitos passes falhados a proporcionaram novas oportunidade para o Farense chegar ao empate. Acabou por repetir-se o resultado da primeira volta, em que os leões também sofreram para chegar à vitória, alcançada, já em período de compensação, com um penálti convertido por Gyökeres.

Foi com muito sofrimento, mas o Sporting acabou por conseguir os três pontos obrigatórios num domingo em que também há um clássico no Dragão que pode deixar a equipa de Ruben Amorim destacada no primeiro lugar.