O Sporting recuperou esta segunda-feira a liderança que tinha perdido no dérbi da Luz com uma reviravolta elétrica sobre o Gil Vicente num jogo disputado sobre uma enorme tensão em Alvalade. Com a liderança à vista sobre o fecho da jornada, os leões tiveram de sofrer, antes de descarregarem toda a energia acumulada desde o primeiro apito do jogo sobre a equipa de Barcelos. A equipa de Vítor Campelos até marcou primeiro, mas os leões empataram antes do intervalo e acabaram por virar o resultado no início da segunda parte, com a dupla Edwards e Gyökeres a partir tudo na frente.

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Há um ano, por esta altura, o Sporting vinha de uma derrota em Arouca e tinha caído para o sexto lugar da Liga, a doze pontos do líder Benfica. Um cenário bem diferente do desta noite, em que os leões tinham a possibilidade de recuperar o primeiro lugar da Liga e ganhar vantagem sobre os adversários diretos.

Com estes ingredientes, o Sporting entrou com tudo no jogo e esteve muito perto de marcar na primeira vez que subiu à área do Gil Vicente, com Gyökeres a abrir na direita para Esgaio cruzar tenso para o segundo poste onde surgia Morita, mas Félix Correia antecipou-se ao japonês e impediu o golo madrugador. A verdade é que, nos primeiros minutos, o Sporting deparou-se com um Gil Vicente muito aberto e tinha muitos espaços para atacar o último terço.

As oportunidades sucediam-se em catadupa, quase sempre pela direita, com Ricardo Esgaio, em grande forma, e Marcus Edwards muito ativos, a explorar as costas de Kiko. Foi neste período que Gyökeres provocou a primeira explosão em Alvalade, a passe de Edwards, com uma bomba que só parou no fundo das redes, mas o sueco estava adiantado (23 centímetros) e não valeu. Um lance que mudou quase tudo no jogo. O Gil Vicente, que se tinha apresentado com uma estrutura ousada em Alvalade, com Félix Correia, Fujimoto e Murilo no apoio direito a Miguel Monteiro, teve de recuar em toda a linha para travar o ímpeto inicial dos leões.

Félix Correia passou de extremo a lateral e o Gil Vicente passou a defender com uma linha de cinco, reforçada por outra de quatro. O ritmo de jogo caiu de forma abrupta e os leões ficaram subitamente com o jogo congestionado. Ricardo Esgaio e Nuno Santos continuavam a procurar explorar os corredores, mas agora de uma forma bem mais lenta e previsível. A tensão começou a subir, não só no relvado, mas também nas bancadas.

O ambiente já estava difícil quando o Gil Vicente chegou ao golo, pouco depois da meia-hora, num lance de bola parada. Livre sobre a direita, marcado por Murilo, para o primeiro poste onde surgiu o capitão Rúben Fernandes a cabecear para o primeiro golo da noite. Fez-se um silêncio pesado em Alvalade, mas por pouco tempo.

O Sporting voltou a acelerar o jogo, agora mais pelo corredor central e acabou por chegar ao empate, ainda antes do intervalo, com um remate surpresa de Nuno Santos. O lance parecia perdido depois do Gil Vicente afastar mais uma bola da sua área, mas o extremo rematou de primeira, rasteiro, a bola sofreu um desvio em Pedro Tiba e foi, devagar, devagarinho, para a baliza de Andrew. O entusiamo que já se tinha sentido no início do jogo regressou e os leões até estiveram perto de virar o resultado, depois de uma recuperação de Coates que proporcionou um remate a Pote, ao lado.

Amorim mexe, equipa corresponde

Ruben Amorim não esperou mais e, ao intervalo, promoveu três alterações de uma assentada, abdicando de Gonçalo Inácio, Nuno Santos e Ricardo Esgaio, para lançar St. Juste, Matheus Reis e Geny Catamo. O treinador manteve a mesma estrutura, mas mudou o perfil dos jogadores sobre as alas para nova entrada fulgurante. Diante de um Gil Vicente muito fechado, o Sporting apresentava-se agora com novas armas e a conseguir profundidade extrema, com Edwards, destacado por Gyokeres, a colocar, desde logo Andrew à prova.

À segunda tentativa, os leões consumaram a reviravolta, com Hjulmand a encontrar Gyökeres destacado na área. O sueco tentou primeiro de cabeça, mas não acertou bem na bola, mas à segunda atirou a contar. Alvalade veio abaixo. O Sporting virava o resultado e estava, novamente, no topo da classificação.

O Gil Vicente procurou reagir de pronto, voltou a abrir as suas linhas e deixou espaço para o Sporting descarregar toda a tensão que vinha a acumular desde o início do jogo. Não foi preciso esperar muito, apenas quatro minutos, para o Sporting voltar a marcar, mais uma vez por Gyökeres, com assistência de Pote, num lance em que os leões chegaram à área em clara vantagem numérica. O Sporting, nesta altura, estava endiabrado, em comunhão com as vancadas, também em êxtase e o Gil Vicente perdeu o pé por completo. No meio do vendaval, Gyökeres chegou a festejar um hat-trick, com mais uma grande assistência de Edwards, mas estava, mais uma vez, adiantado.

Vítor Campelos foi procurando ressuscitar a sua equipa, com várias alterações, mais no sentido de lhe dar mais estofo físico e capacidade para travar o ímpeto dos leões, do que propriamente reentrar na luta pelo resultado. A equipa de Barcelos passava a jogar num 4x1x4x1, agora com uma referência clara no ataque: Baturina.

A verdade é que, depois do segundo golo anulado a Gyökeres, o leão levantou o pé e o Gil Vicente acabou por encontrar um ponto de equilíbrio. A equipa de Barcelos passou a ter mais bola e chegou mesmo a jogar na área do Sporting, para desespero de Ruben Amorim que chegou a levar as mãos à cabeça.

A verdade é que o leão reagiu ao momento menos positivo, voltou a subir linhas e, até ao final do jogo, teve novas oportunidades para voltar a marcar, com destaque para mais um remate de Gyökeres e outros dois de Paulinho.

O jogo acabou com os adeptos a entoarem o nome de Viktor Gyökeres, a grande figura do jogo desta noite.

Com esta vitória, o Sporting, só com vitórias em casa, sobe novamente ao topo da classificação, agora, com mais dois pontos do que o Benfica e mais três do que o FC Porto que visita Alvalade a 18 de dezembro.