Que sombrio.

Será isto uma assombração do passado?

Não se percebeu bem que Benfica foi aquele que entrou na Luz, diante do Portimonense, a defender a liderança isolada conquistada na ronda anterior.

Um Benfica que viveu um pesadelo na Luz durante uma hora, ainda que tenha ido a tempo de transformar tudo num sonho difícil de acreditar para quem viu o jogo.

Para a equipa de Bruno Lage, foi mais o tempo de medo do que o de euforia. Por muito que o resultado possa indicar o contrário.

A Luz viu sombras do passado, antes de acordar para o sonho da reconquista.

Belisquem-se. Isto é real?

Talvez afetados pelas lembranças da equipa que provocara a última derrota das águias no campeonato – que valeu o despedimento de Rui Vitória – os jogadores do Benfica entraram em campo receosos.

E nem era preciso muita atenção para encontrar o principal pecado porque ele era demasiado evidente e mostrava-se no essencial: o passe e receção.

Aquilo que tem sido uma das bandeiras do Benfica de Bruno Lage, treinador que colocou a equipa a jogar quase de olhos fechados, falhou a toda a prova durante uma hora.

Uma semana depois de ter dado 45 minutos de avanço ao adversário em Braga, desta vez o Benfica foi ainda mais longe no risco e provocou calafrios a mais de 60 mil adeptos que encheram o Estádio da Luz.

E o que torna tudo mais dramático é que não foi um rasgo individual de um jogador encarnado a resolver os problemas; não foi o coletivo que encontrou o caminho para o sucesso; foi um erro de um adversário, Lucas Possignolo no caso, que, aliado à raça de Rafa, desbloquearam um jogo que ameaçou ser de depressão para o líder.

É que depois de o Portimonense não ter aproveitado as oportunidades claras que teve na primeira parte, abriu a segunda a cobrar juros e chegou à vantagem por Tabata, após grande passe de Lucas Fernandes.

A Luz tremeu. Os medos que eram tão claros na equipa em que Bruno Lage pegou em janeiro e reergueu, pareciam voltar, numa altura em que qualquer erro pode ser fatal na luta pelo título.

Afinal era só um pesadelo…

Contudo, no espaço de quatro minutos, entre o 62 e o 66, Rafa afastou os fantasmas para longe.

Só que tal como quando acordamos de um pesadelo, também os jogadores do Benfica ficaram ainda uns minutos atordoados. Hesitantes se aquilo que acabara de acontecer teria sido real.

E o Portimonense – que bela exibição da equipa de Folha! – tentou explorar a insegurança que ainda se sentia, sobretudo no setor mais recuado da equipa encarnada.

Mas seria essa coragem a ser fatal.

Com o adversário balanceado para a frente na busca de tirar proveitos daquilo que estivera na sua mão, o Benfica foi incisivo.

Com tempo e espaço, Pizzi deu a oportunidade para Seferovic acabar com as dúvidas. O suíço não desperdiçou e fez o 3-1. Tal como voltou a não desperdiçar quatro minutos depois quando, servido por André Almeida apontou o 4-1.

O pesadelo transformou-se em sonho. E ainda nem tinha chegado ao fim.

Ainda houve tempo para Jonas marcar também o seu golo, novamente servido por André Almeida.

Mas quem pensar que vê no marcador aquilo que foi uma tarde de sonho para o Benfica estará muito longe de perceber as sombras que chegaram a pairar.

E agora tem a palavra o FC Porto, que vai entrar em campo com menos cinco pontos que o líder.