Senhor Chico, obrigadinho pelo café, agora vou ali ver o jogo.

Para quem mora em Belém, foi só preciso atravessar a rua.

Assim que acabou o Clássico entre Sporting e FC Porto, o Restelo começou a compor-se para um final de dia eleitoral com muito futebol à mistura. Muito despido, ainda assim.

Em campo duas equipas dispostas a dar continuidade aos sinais de recuperação deixados nos embates anteriores.

Melhor o Belenenses, pelo menos mais fresco. Isto da Europa é coisa para deixar qualquer equipa de rastos, sobretudo as que não têm assim uma tão vasta experiência que permita ultrapassar isso.

O V. Guimarães veio a Lisboa de avião, pela primeira vez, e a ter de fazer pela vida. O triunfo sobre o Marítimo na jornada passada servia de tónico, mas a derrota na Turquia deixara marcas na equipa, também não era para menos. O preço do sucesso como dizem os treinadores dos ditos «grandes».

Poucos minutos tinham passado desde o apito inicial e foi percetível a toada que o jogo iria seguir: muita disputa de bola a meio-campo, alguma entrada mais durinha aqui e acolá, um jogo decidido nos pormenores ou, quanto muito, no pulmão.

Depois de uma entrada bastante monótona, o despertador tocou ao quarto de hora, com ambas as equipas a disporem de duas boas ocasiões de golo. O protagonismo foi partilhado entre os guarda-redes.

Primeiro foi Miguel Silva a negar o golo a Tiago Caeiro, com uma estirada impressionante. No lance seguinte, Heldon obrigou Muriel a trocar os pés pelas mãos e a fazer uma intervenção de recurso para canto.

Se essa dupla oportunidade deixava antever um jogo mais aberto a partir daí, o ritmo voltou a baixar logo de seguida.

Se os adeptos também pudessem votar, o «não» ganharia por maioria absoluta certamente. Exigia-se mais e Tandjigora resolveu candidatar-se a melhor golo da ronda.

Apresente-se o candidato!

Aos 27 minutos, o médio gabonês abriu as portas do golo. E que golo! Livre cobrado de forma exímia. Miguel Silva ainda acreditou que chegava à bola, mas não passou de uma miragem. Bolas daquelas dão quase sempre em golo.

E, de repente, de bola parada, o Belenenses desbravava caminho. Na realidade, nem uma ou outra equipa tinham justificado, mas o futebol não é uma ciência exata.

E o filme da primeira parte teve muito pouco para contar, para além disto.

A ditadura do golo

No segundo tempo, o Vitória entrou com outra atitude, bem mais pressionante, revigorado de umas pernas que tinham tudo para estar fatigadas. Do outro lado, o Belenenses foi mais pragmático e esperava pela altura certa para sair.

Conclusão: foi aguentar até não dar mais.

A equipa de Pedro Martins assumiu as rédeas do jogo e pressionou de tal maneira em busca do empate, que o Belenenses não conseguiu melhor do que suster as investidas e segurar o resultado.

FILME DO JOGO

Tallo, reforço tardio dos vimaranenses, foi lançado no jogo e revolucionou por completo a frente de ataque dos visitantes, dando mais presença física e criando mais ocasiões de perigo.

Sentido único. Investidas foram muitas, pelo menos duas mãos cheias. Um verdadeiro massacre e um sofrimento crescente à medida que o tempo ia passando, de um lado e do outro.

Domingos sentiu a equipa a tremer e tentou estabilizá-la, retirando o avançado de referência como Tiago Caeiro, mas nem por isso o Belenenses deixou de vacilar das pernas.

Pedro Martins, no tudo por tudo, retirou homens do miolo para povoar o ataque, mas as investidas esbarraram quase sempre em algo que foi superior a eles.

Chamem-lhe sorte, mas a verdade é que o V. Guimarães ainda agora estará a pensar como foi possível não trazer pontos na bagagem, tal foi o amasso nos lisboetas. Promessas foram muitas e vontade de as cumprir não faltou, mas deram em nada.

O Belenenses, que teve dois ou três votos na matéria ao longo jogo, acabou por vencer.

O futebol é isto…tudo menos uma democracia.