Foi o primeiro triunfo do Vitória de Guimarães nos Açores. E logo com uma goleada: 4-0. Um triunfo sob a batuta de um mágico Quaresma que fez o que quis da defensiva açoriana e contou com a eficácia de Estupiñán, autor de metade dos golos dos minhotos.

Primeiro, o contexto. O Vitória de Guimarães chegou aos Açores de orgulho ferido. Duas eliminações numa só semana: quer da Taça da Liga, quer da Taça de Portugal. A eliminação na Taça de Portugal, diante do Santa Clara, deixou marcas e João Henriques, uma semana depois da derrota diante da anterior equipa, não quis facilitar no seu regresso aos Açores.

Foi esta raiva que o Vitória canalizou dentro de campo. E foi implacável - sobretudo nas oportunidades de golo. Três golos em meia hora, sob a batuta de um mágico endiabrado, de seu nome Ricardo Quaresma.

Indo por partes. A primeira parte até foi equilibrada, com as duas equipas a mostrarem que queriam a vitória. A diferença esteve na eficácia. Aos 7 minutos, o primeiro tento: André André, sozinho na área empurrou para o fundo das redes, após uma assistência magistral de Quaresma, que fez gato sapato de João Lucas.

Depois, não satisfeito com a assistência, o Harry Potter quis marcar ele próprio. Aos 27 minutos, Quaresma driblou João Lucas, fintou Fábio Cardoso e fez o segundo. Até parece fácil.  Tudo parecia correr bem ao Vitória de Guimarães e três minutos depois o resultado ganhou outro volume. Estupinán, de cabeça, bateu Marco após assistência de André André.

O resultado era um murro no estômago dos açorianos. A equipa de Daniel Ramos dispôs de duas excelentes ocasiões de golo: as duas de livre direto, as duas por Osama Rashid. O segundo livre, aos 23 minutos, esbarrou no poste. Ao intervalo, entrou Diogo Salomão e saiu João Lucas. Pobre João Lucas – ninguém merece apanhar um Quaresma endiabrado.

A segunda parte começou com uma oportunidade de ouro para o Santa Clara voltar ao jogo. Ou melhor: duas oportunidades. Penálti assinalado aos 48 minutos a favor dos açorianos. Osama Rashid parte para a bola, remate, excelente defesa de Varela. Mas o arbitro mandou repetir, após alegar que Varela antecipou-se ao apito. Nova oportunidade para o capitão do Santa Clara. Mas, nem à primeira, nem à segunda: Rashid atirou ao lado.

Para os jogadores do Santa Clara, hoje é daqueles dias que nem vale a pena a sair da cama. E o resto do jogo só ia confirmar essa tese. Pouco depois, aos 54 minutos, Villanueva e Costinha aos papéis, a brincar aos passes, e Estupinan aproveitou a desatenção, roubou a bola e caminhou para o golo. Imponente ficou Marco, cansado de ir buscar bolas ao fundo das redes. E 4-0 no marcador.

Os açorianos, que na primeira parte ainda deram luta (apesar do resultado) caíram de rendimento no segundo tempo: mostraram-se desorganizados, desmotivados e resignados. Aos 63 minutos, Estupinan quase que marcou mais um, mas deslumbrou-se com tanto espaço. Isolado frente ao Marco, permitiu a defesa do guardião dos insulares.

A tónica do jogo passou a ser essa: os açorianos até tinham vontade, mas estavam de cabeça perdida. Com uma equipa completamente desequilibrada, sempre que o Vitória de Guimarães ganhava a posse de bola, tinha via aberta para criar lances de perigo.

Já o Santa Clara, o melhor que conseguiu, foi ganhar cantos.  Aos 81 minutos, precisamente através de um canto, chegou o lance mais perigoso da equipa insular no segundo tempo. Cabeçada de Villanueva nas alturas, mas a bola saiu ao lado, com Varela a controlar o esférico.

A rimo de treino, com o resultado fechado, o jogo foi caminhando para o fim. O Santa Clara com mais bola, mas sem saber o que fazer com ela. Por outro lado, o Vitória, resguardado, baixou o ritmo, mostrando-se satisfeito com o rumo da partida – pudera, vitória gorda: o natal chegou mais cedo para os vimanarenses.