Terminou a aventura em Hong Kong para Jorge Amaral, quatro meses depois do ínicio de um percurso conturbado que não esfriou o interesse do treinador português no mercado asiático. A direcção do South China, após diversos conflitos internos, chegou a uma posição de ruptura com o técnico, apesar do 2º lugar no campeonato.
Jorge Amaral, acompanhado pelo adjunto João Festas, tinha levado para Hong Kong quatro jogadores lusos, mas apenas Hugo Coelho resiste no plantel, tal como os brasileiros Detinho, Tales e Platini. No início do mês, o clube dispensou André Costa (Correia), Carlos Oliveira e Marco Almeida, para abrir espaço na equipa para os jogadores locais. Este foi apenas um dos vários incidentes com que Jorge Amaral se deparou ao longo da descoberta do mercado asiático.
«Os três jogadores portugueses foram dispensados e, nesse mesmo dia, tivemos um jogo para o campeonato, que vencemos por 2-0. O presidente do clube disse, ainda assim, que tínhamos feito um mau jogo. Disse-lhe: Mande-me embora já! Ainda tinha os jogadores no avião, a caminho de Portugal, com pena minha. O Correia e o Marco Almeida foram grandes profissionais», recorda Jorge Amaral ao Maisfutebol, falando dos dois jogadores formados no F.C. Porto.
O South China ocupava o 2º lugar no campeonato, depois de ter evitado a despromoção na época passada graças a uma manobra de secretaria. Os resultados desportivos disfarçavam as dificuldades, como a falta de motivação dos jogadores locais em encontros com menor grau de dificuldade: «Os responsáveis do clube querem ver mágicos, mas os jogadores de Hong Kong são semi-amadores.» Uma derrota no terreno do modesto H.K.F.C. sentenciou um divórcio anunciado.
«Os responsáveis pelas várias modalidades do clube, que são cerca mais de 30, reuniram de emergência na última quinta-feira. São eles quem decide esse tipo de situações, e revelaram que queres dar uma nova cara à equipa. Novo treinador, novo sistema de jogo, novos jogadores, tudo. Pagaram-me aquilo a que eu tinha direito e vim-me embora, feliz por voltar a ver a família e pela espectacular experiência no continente asiático, que espero repetir em breve», garante Jorge Amaral, ex-guarda-redes de F.C. Porto e Benfica, agastado com a situação financeira dos clubes portugueses.