No ano passado, mais ou menos por esta altura, o Maisfutebol fez uma entrevista a Madjer em jeito de recordação da final da Taça dos Campeões Europeus. Em 1987, o F.C. Porto derrotou o Bayern Munique (2-1) num jogo de sonhor. Dezasete anos depois, os azuis e brancos voltam a estar na final da maior prova da UEFA. Por isso, recuperamos o trabalho jornalístico.
Dezasseis anos depois, o F.C. Porto volta a marcar presença numa final europeia - pela primeira vez na sua história está a um pequeno passo de conquistar a Taça UEFA. Mas em 1987, o Mundo rendia-se aos azuis e brancos, quando arquitectaram a proeza de bater o Bayern de Munique (2-1) na final da Taça dos Campeões Europeus. Se o triunfo foi uma realidade, bastaram a arte de Madjer e a fúria de um grupo de homens com vontade cerrada em apagar as fraquezas do primeiro tempo. Depois do intervalo, o dragão transfigurou-se e marcou dois golos. O argelino esteve nos dois.
Mas antes dos golos houve muito suor derramado no relvado do Prater, em Viena, onde os jogadores portistas acusaram o toque da poderosa equipa alemã e jogaram muito recuados no terreno. O grande sacrificado desse sistema rígido - sem Fernando Gomes, impossibilitado de jogar por lesão - foi Madjer, que se viu embrulhado em preocupações defensivas. No segundo tempo, o argelino soltou o seu génio como explica em conversa com o Maisfutebol, dias antes de os azuis e brancos medirem forças com o Celtic de Glasgow, em Sevilha.
- A 13 minutos do final do jogo de Viena, o F.C. Porto perdia por um 1-0, mas nesse espaço de tempo consegue virar o jogo para 2-1. É capaz de nos revelar o segredo daquela reviravolta?
- Foi espectacular. Mas vou explicar uma coisa: na primeira parte, eu estava a jogar no meio, mas com preocupações defensivas. O Artur Jorge, provavelmente por ter algum medo do adversário, colocou os jogadores mais recuados no terreno e eu também fui um dos sacrificados. Depois, na segunda parte, teve de mexer na equipa. Tirou o Inácio e o Quim e fiquei com mais liberdade. Sabia que podia conseguir. Passei a actuar mais ao ataque, marquei o primeiro golo e estive na jogada do segundo. O verdadeiro Madjer foi aquele que jogou no segundo tempo.
- Por que acha que o Artur Jorge tinha assim tanto medo do Bayern de Munique, ao ponto de ter feito recuar no terreno alguns jogadores influentes?
- O Bayern de Munique era uma grande equipa. Naquela altura, era uma máquina e tinha mais experiência do que nós em finais da Taça dos Campeões Europeus. Sinceramente, nós tínhamos medo do nosso adversário, mas no campo jogámos com o coração e sem receio. Graças a Deus, marcámos dois golos espectaculares e vencemos o troféu. O clube merecia isso.
- Num entrevista recente, o Jaime Magalhães disse ao Maisfutebol que ainda hoje não sabe como o F.C. Porto eliminou o Dínamo de Kiev e venceu o Bayern Munique na final. Partilha da mesma opinião?
- Não sei. Nessa altura, ganhámos a grandes clubes como o Dínamo de Kiev e o Brondby, da Dinamarca, por exemplo. Depois, na final, derrotámos o Bayern Munique. O F.C. Porto tinha bons jogadores, de grande nível, como o Sousa, o André, o Jaime Pacheco, o Lima Pereira, o Futre e o Gomes. Eram estes jogadores que faziam a diferença em campo.
- Também ficou surpreendido com o facto de o F.C. Porto chegado à final da Taça UEFA?
- Não foi uma surpresa. Esta equipa estava a preparar-se há muito tempo para chegar a este momento. Por causa do trabalho dos dirigentes e pela chegada do José Mourinho, que apostou em jogadores novos. Tudo somado deu força à equipa e fez com que o F.C. Porto chegasse à final da Taça UEFA.