Ao contrário do é habitual nas formações lideradas por Manuel Machado, o Nacional até começou bem a Liga. Duas vitórias e um empate nos três primeiros jogos transformam o choque com o Sporting, esta segunda-feira, numa prova de fogo à capacidade de os madeirenses desempenharem papel de outsider na Liga. O técnico é prudente: «Espero que este melhor início não projecte um mau final. Este ano é especial, já que vai haver mais um clube a descer e a luta pela manutenção vai agudizar. Os clubes de pequena-média dimensão têm de estar duplamente atentos», lembra.
Para já, Manuel Machado não perde muito tempo a olhar para a classificação. Um eventual triunfo do Nacional sobre o Sporting a equipa madeirense à frente do seu opositor de segunda-feira, mas o técnico não atribui especial relevância à ideia: «Para mim não tem importância o facto de podermos ultrapassar o Sporting. É cedo, e são 34 jornadas, não são quatro. Sabemos que há hoje equipas mal posicionadas e que devem terminar bem e o inverso também irá acontecer», lembrou o treinador.
A recepção aos leões surge numa altura em que alguns jogadores influentes na equipa acusam problemas físicos. O técnico é pragmático: «É um quadro que toca a todos, temos de encontrar soluções alternativas. Corremos riscos de desfazer de alguma maneira o onze que temos vindo a utilizar. Mas isso não diminui nem a ambição, nem o crer: a possibilidade de pontuar continua para nós a ser a mesma».
A estatística diz que os embates entre madeirenses e os sportinguistas resultam em jogos com muitos golos. Manuel Machado foi frontal. «Em três jogos fizemos quatro golos e sofremos dois. Não é muito bom, mas também não é muito mau. Claro que os jogos de futebol saem valorizados quando têm golos, ganham público e fundamentalmente ganha o espectáculo. Se em vez de 1-0 ou 2-1, for 4-3 favorável ao Nacional, é evidente que além de nós ganha quem veio ver o encontro», disse.
Machado comenta Adriaanse
Embora admitindo que não leu com grande atenção as críticas do técnico do FC Porto Co Adriaanse, Manuel Machado acedeu falar sobre o tema. E foi directo ao assunto: «Ele encontrou um futebol mais fechado, é natural que esteja numa fase de adaptação e se manifeste de alguma maneira. Mas penso que o futebol português, ao nível de clubes, e da selecção, tem tido uma prestação bem positiva, se calhar até mais positiva do que aquela do país de origem do técnico em causa».
Manuel Machado reconhece alguma razão de ser em relação aos restantes disparos de Adriaanse: «Penso que ele também se referiu à forma como o adepto acompanha este fenómeno muito na base do assobio. Na Inglaterra por exemplo há uma outra forma de estar do público que entende o jogo muito mais como uma festa, independentemente do resultado da sua equipa. Tem mais fair-play na forma como o encara e assiste. O nosso público é mais exigente. Vêem-se logo assobios aos 10 minutos quando as coisas não saem e isso só perturba», afirmou, lançando também alguns reparos à comunicação social: «A nossa imprensa desportiva para além de ser monocórdica e dispensar aos três grandes 95 por cento de espaço, atrofiando cada vez mais os clubes, procura sempre o que mais de negativo vai acontecendo», concluiu.