Marcos António está prestes a livrar-se de um pesadelo. Ao defesa brasileiro foi diagnosticado um cancro na garganta, mas agora está praticamente curado. Daqui a alguns dias a doença será apenas uma má recordação, mas no coração ficará uma mágoa. O jogador foi abandonado pelo Auxerre, clube com o qual tem contrato.
«Nunca me ligaram. Fui a França tratar do visto de residência e nem me receberam», contou Marcos António ao Maisfutebol.
O jogador brasileiro não recebe o salário desde Junho, altura em que terminou o empréstimo ao PAOK. «Alegam a existência de uma lei em França que permite a um clube deixar de pagar a um jogador que esteja lesionado há muito tempo. Só que o meu caso é diferente, é uma doença natural. Acham que eu nunca vou voltar a jogar», conta o antigo jogador do F.C. Porto.
Persistência da mulher salvou-lhe a vida
Os problemas de saúde de Marcos António começaram na Grécia, quando estava ao serviço do PAOK. «Sofri uma lesão na perna que nunca mais passava. Voltava à competição e passado pouco tempo via-me obrigado a parar novamente», começa por contar.
Por esta altura Marcos António estava mais preocupado com a lesão na perna, do que propriamente com o problema na garganta. Foi graças à insistência da esposa que descobriu a doença. «Vim para o Porto para tratar da perna, a conselho do Fernando Santos, só que a minha mulher pediu ao dentista que indicasse um otorrinolaringologista. No mesmo dia em que consultei o especialista, fui operado. Na altura nem me disseram o que era. Fui operado a 20 de Abril e só me disseram cerca de dez dias depois», conta. «A minha esposa salvou-me a vida, ao obrigar-me a vir a Portugal. Se tivesse ido de férias para o Brasil não tinha descoberto a doença a tempo», revela, agradecido, o jogador que passou por Académica, Gil Vicente e U. Leiria, para além do F.C. Porto.
O pesadelo, como o próprio jogador lhe chama, está prestes a ser ultrapassado. Marcos António venceu a doença com distinção, ao ponto de apenas ter sido necessário fazer três das seis sessões de quimioterapia que estavam previstas. Ao jogador falta cumprir apenas uma sessão de radioterapia, para depois começar a pensar no regresso aos relvados.
«Vou começar devagarinho e esperar que se abra alguma porta. Se pudesse ficar em Portugal era maravilhoso. É a minha segunda casa, e agora ainda sinto mais isto, depois do que passei com a doença», disse Marcos António, que agradece o apoio que recebeu no IPO do Porto e também de Eduardo Braga, enfermeiro do F.C. Porto.
«Depois deste problema vou voltar ainda mais forte, principalmente a nível mental. Um atleta pensa que estas coisas nunca lhe acontecem a ele, mas depois a doença bate-nos à porta», disse Marcos António ao Maisfutebol