Mariano González está parado há nove meses. Na recta final da época passada, contraiu uma grave lesão, seguindo depois numa longa travessia no deserto. O F.C. Porto venceu sem ele, o argentino apladiu, esperando agora ser parte activa do sucesso dos dragões dentro das quatro linhas.

«Encarei a época com expectativa, devido à mudança de treinador, que traz motivações diferentes. O grupo trabalhou muito bem, da forma como o treinador queria e atingiu os seus objectivos. A nível pessoal, tive de estar de fora, mas gostei de ver a equipa a jogar e a vencer», começou por dizer, nesta quarta-feira, à margem de um treino com crianças no Vitalis Park, na Constituição.

Sem rodeios, Mariano González falou sobre o longo afastamento dos relvados: «Não sei se a equipa está à minha espera, mas espero jogar. Sei que os meus companheiros desejam o melhor para mim, quero estar preparado para o resto da época e espero ter oportunidade de entrar em campo.»

«Fiquei muito contente com as palavras do treinador. O treinador está a ajudar-me muito, o departamento médico está sempre em cima de mim, os meus colegas também estão sempre a puxar por mim, isso é importante», acrescentou.

«Meses mais difíceis da carreira»

André Villas-Boas já deu o aval à inscrição do argentino em Janeiro. Mariano aceitou a decisão no início da época, face à incapacidade física para competir. Agora, espera pela sua vez. «Estou muito ansioso. Tenho desfrutado da minha família, até porque tenho estado muito mais tempo em casa. Mas quero jogar, quero voltar à minha vida. Foram os meses mais difíceis da minha carreira, é muito complicado para um jogador», desafaba.

«No dia 22, fizeram nove meses de ausência. É muito tempo para um jogador. Mas tive de aceitar, sabia que ia demorar. A recuperação demorou seis ou sete meses, mas entretanto surgiu outro inconveniente e estamos a tratar de resolvê-lo. Aceitei e agora espero voltar», frisa um dos elementos mais antigos no plantel.

Mariano termina contrato no final da época. Naturalmente, a sua evolução nos próximos meses será importante para a decisão sobre a continuidade do jogador de dragão ao peito. O argentino tem consciência disso mesmo: «Estou muito bem aqui, adaptado e a minha família também. Gosto da cidade, gosto de tudo. Temos falado muitas vezes com o clube e dependerá do que acontecer agora nestes meses. As conversas estão em aberto, já estamos comprometidos há muito tempo, por mim estou disponível para continuar, mas dependerá dos interesses das duas partes.»

«Ainda falta muito para me retirar»

O extremo tem procurado incentivar os seus companheiros de equipa, torcendo por fora. «Cada domingo era muito difícil para mim. Mas custou-me especialmente falhar um jogo em particular, que foi a Supertaça. Mas felizmente, vencemos e conseguimos mais um título», lembrou.

Mariano vai enfrentar forte concorrência no regresso à competição. Os flancos do F.C. Porto podem ser preenchidos por Hulk, Varela, Cristian Rodriguez, Ukra ou James. Um enorme desafio: «É um desafio, a concorrência é forte. O Cristian Rodriguez e o Silvestre Varela estão lesionados mas é importante ter várias soluções. Depois, depende do treinador. Vai ser muito difícil, até porque não tenho ritmo de competição, mas vamos todos lutar pelos objectivos.»

Na recta final de uma conversa franca com os jornalistas, o jogador de 29 anos foi ainda confrontado com o futuro a médio prazo. Será que Mariano gostaria de integrar uma equipa técnica do F.C. Porto, quando pendurar as chuteiras?

«Ainda não me quero retirar. Quero fazer parte desta equipa, ainda não decidi se vou ser treinador no futuro ou não. Mas às vezes vejo o Pedro Emanuel, a dedicação e o trabalho que ele faz, e dá-me inveja. De qualquer forma, ainda falta muito para isso, espero é ajudar dentro do campo», concluiu Mariano González.