Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu e pelo menos quatro italianos, entre os quais um ex-deputado de esquerda e o atual chefe da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), foram detidos nesta sexta-feira no âmbito de uma investigação a propósito do alegado lóbi ilegal do Qatar para influenciar decisões políticas no Parlamento Europeu.

Inicialmente, foram noticiadas pelo jornal belga Le Soir as detenções em Bruxelas dos quatro italianos entre elas as de Antonio Panzeri (ex-deputado de esquerda) e do secretário-geral da CES, Luca Visentini, tendo mais tarde a agência France-Press avançado que também a eurodeputada e vice-presidente do PE, bem como o seu atual companheiro - um colaborador ligado ao grupo dos Socialistas e Sociais Democratas no PE - foram também detidos no âmbito da mesma operação.

As detenções foram efetuadas após quase duas dezenas de buscas nas quais a polícia de Bruxelas encontrou, entre outras evidências, meio milhão de euros em dinheiro na casa de Panzeri. Os outros dois italianos detidos, indica também o Le Soir, são o diretor de uma organização não-governamental e um assessor parlamentar.

 

O Ministério Público belga anunciou que os investigadores da brigada anticorrupção «suspeitam que um país do Golfo tenta influenciar as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu», alegadamente através do «pagamento de quantias substanciais de dinheiro ou de presentes significativos a terceiros com posição política e/ou estratégica significativa no Parlamento Europeu».

Citando «fontes bem informadas», o Le Soir informa que o país indicado trata-se do Qatar, anfitrião do Mundial. Segundo este jornal, o objetivo do Qatar era defender, enquanto organizador da competição, a sua imagem afetada pelas más condições de trabalho dos migrantes, bem como a falta de proteção de direitos humanos neste país.