A Rússia está na final do Europeu de futsal, graças à vitória por 3-2 ante a Ucrânia, na primeira meia-final realizada esta sexta-feira, na Ziggo Dome, em Amesterdão, Países Baixos.

Golos de Sokolov, Afanasyev e Niyazov, contra os de Siryi e de Abashkin, valeram a qualificação dos comandados de Sergey Skorovich para a final da prova, na qual esperam agora o vencedor do Portugal-Espanha.

A primeira meia-final do Europeu de futsal era aguardada com grande expectativa. Por variadíssimos motivos. Inegavelmente, desde logo, pela tensão política que se acentuou nas últimas semanas entre as duas nações, que acendeu a chama de um possível novo conflito.

Em 2014, a UEFA decidiu que equipas ucranianas e russas não podiam cruzar-se em sorteio por motivos de segurança, depois da anexação russa da Crimeia. Mas a condicionante seria impossível de manter em todas as fases de uma qualquer prova europeia, caso o mérito desportivo prevalecesse. Isso aconteceu agora.

Depois da situação na Crimeia, há cerca de oito anos, o único jogo a valer entre as duas nações de Leste tinha sido no jogo de atribuição dos terceiro e quarto lugares do Europeu feminino de futsal, em 2019. O último duelo masculino numa prova da UEFA tinha sido em 2007, no futsal. O último jogo de futebol foi na qualificação para o Euro 2000, em 1999.

Mas havia mais a esperar deste duelo. Afinal, era a disputa por uma vaga na final e por isso, no plano desportivo, muito a ver. Os ucranianos, que fizeram do duelo contra Portugal o mais difícil para o campeão europeu e mundial na fase de grupos, surpreenderam – ou não – o todo-poderoso Cazaquistão, claro candidato a chegar à final, com uma vitória por 5-3 nos quartos de final.

Para o adepto português e para o amante do futsal, nova ocasião de ver o talento de vários nomes, um deles a jogar em Portugal, o benfiquista Ivan Chishkala. Robinho ficou de fora, assim como outra enorme baixa, Artem Antoshkin, depois do amarelo visto nos quartos de final.

Alguns assobios, hinos respeitados e três golos na primeira parte

No momento da entrada da seleção russa na quadra, ouviram-se alguns assobios na Ziggo Dome, mas os hinos foram respeitados de forma mútua.

No jogo propriamente dito, a Rússia entrou praticamente a marcar, aos dois minutos, com um golo de Anton Sokolov, num lance em que a bola sofreu um desvio, mas o guarda-redes ucraniano acabou mal batido.

Os russos chegaram ao 2-0 aos 15 minutos, depois de uma longa bola do guarda-redes Putilov para Afanasyev cabecear ao poste enquanto o guarda-redes Tsypun voltava à baliza e se reposicionava. A bola ressaltou da trave para Afanasyev, que na recarga não falhou. Porém, os ucranianos responderam 54 segundos depois, com o golo de Siryi, na sequência de um canto.

Respirar, sofrer… e um golaço

O intervalo temperou ideias de parte a parte e o segundo tempo teve um jogo de grande expectativa no marcador.

A Rússia conseguiu cavar nova diferença de dois golos aos 31 minutos, por Artyom Niyazov, num golaço com um remate à meia volta, depois de um passe a meia altura de Nando, da ala direita para a esquerda (vídeo abaixo).

Só que a tranquilidade foi mentirosa. Os homens de Oleksandr Kosenko estavam (ainda) bem vivos no jogo.

Abakshin relançou e Putilov parou o empate

A Ucrânia reduziu novamente para a margem mínima aos 35 minutos, numa situação de cinco para quatro em que a visão sublime de Shoturma, guarda-redes avançado, encontrou Daniil Abashkin no coração da área para um toque subtil de primeira que enganou o guarda-redes da Rússia.

Porém, seria mesmo Putilov a ser o herói final dos russos, campeões em 1999, ao defender, com as duas pernas um penálti de Shoturma motivado por uma falta imprudente de Afanasyev sobre Korsun, a um minuto do fim. Os ucranianos insistiram, mas foi a vantagem russa que persistiu num grande jogo de futsal, sem confusões e que prestigiou a modalidade. Sétima final para os russos e a Ucrânia falhou a sua terceira, depois de 2001 e 2003. Vai disputar o jogo dos terceiro e quarto lugares.