A Federação de Andebol de Portugal [FAP] repudiou e lamentou esta terça-feira o teor do comunicado divulgado na passada segunda-feira pelo FC Porto. O organismo que tutela o andebol nacional considera o comunicado dos dragões «lesivo para a imagem e integridade da modalidade» e «ofensivo ao bom nome» dos seus agentes.

«As competições desportivas organizadas pela FAP, bem como a organização das seleções, têm decorrido com toda a normalidade e em observância com os princípios universais, de igualdade, verdade desportiva, integridade e ética», pode ler-se no comunicado.

Em causa estão as críticas feitas pelos portistas às arbitragens que consideram «de má qualidade» tanto no andebol como no basquetebol e no hóquei. Os azuis e brancos pediram ainda às respetivas federações que «tomem medidas» para assegurar a «idoneidade» dos campeonatos.

Em comunicado, o FC Porto lamentou que as principais competições das três modalidades estejam a ser «condicionadas por arbitragens de má qualidade» e, em alguns casos, com a única intenção de prejudicar as sua equipas.

A FAP refere ainda que não vislumbra quais os indícios que o FC Porto «recolhe da realidade para invocar, erradamente, tais factos», e acrescenta que «o verdadeiro e real estado atual da modalidade demonstram exatamente o contrário do que é invocado».

A FAP esclarece ainda que «tomado conhecimento de notícias que poderiam configurar alegados ilícitos de natureza criminal, efetuou no imediato, no dia 16 de maio de 2018, denuncia obrigatória ao Ministério Público», que já foi reencaminhada para a Procuradora Distrital do Porto.

«Bem sabe o FC Porto que assim é, pois em resposta ao seu ofício de 13 de agosto de 2018, a direção e o Conselho de Disciplina da FAP esclareceram as questões colocadas em 03 de setembro de 2018 que agora aparecem repisadas para a opinião pública», esclarece a federação.

A FAP nega que tenha havido da parte dos seus órgãos «qualquer silêncio» ou «paz podre» e refere que o facto de não terem sido divulgadas publicamente quaisquer eventuais diligências não significa que nada tenha sido produzido ou realizado.

«Tal inquérito corre os seus termos na Procuradoria sob segredo de justiça e a FAP, enquanto denunciante e interessada, aguarda pelo decurso de tais investigações para, sem prejuízo do que venha a ser apreciado e decidido no âmbito do Conselho de Disciplina, poder adotar, relativamente a eventuais agentes desportivos filiados na modalidade, as decisões e medidas que ao caso forem as mais adequadas», refere.

A FAP considera «graves e inaceitáveis as declarações produzidas pelos dirigentes» do FC Porto e acrescenta que «os seus órgãos sociais sempre se pautaram pelo rigor, seriedade e idoneidade dos seus atos, pelo que não patrocinará julgamentos sumários em praça pública».

«Tais declarações são manifestamente violadoras das normas legais em vigor quanto ao regime jurídico da Violência no Desporto, pois não só poderão perturbar o normal funcionamento das competições, como poderão potenciar a ocorrência de distúrbios em recintos desportivos», lê-se no comunicado.

Atendendo ao teor de tais declarações, «a direção da FAP efetuou hoje uma participação ao Conselho de Disciplina».