A Taça da Europa de Lançamentos decorre neste fim de semana em Leiria e conta com uma delegação ucraniana, formada por seis elementos: cinco atletas e uma chefe de missão. Iryna Klymets, que foi duas vezes atleta olímpica - Rio 2016 e Tóquio 2020 - falou à Agência Lusa e explicou qual o estado de espírito.

«O meu corpo está aqui, em Portugal, mas o meu coração está na Ucrânia, com a minha família, a minha pátria. Com a minha Ucrânia. Estar aqui é estranho e difícil, mas temos de treinar, de nos preparar e competir, porque é a nossa vida. Queremos mostrar ao mundo que somos fortes, que não estamos felizes com o que nos aconteceu e que lutamos pelos nossos sonhos, pelo nosso país. Queremos mostrar toda a força do povo ucraniano», disse a lançadora de martelo.

«É difícil explicar o nosso sentimento neste momento. Quero agradecer à federação europeia, à federação portuguesa e à federação polaca que ajudaram a estarmos aqui e termos hipóteses de treinar e de nos prepararmos para a época, e também a Leiria e à Juventude Vidigalense o acolhimento nestes três dias. Mas é doloroso saber que os nossos pais estão a sofrer na Ucrânia.»

Natural de Lutsk, uma cidade a ocidente da Ucrânia, perto da fronteira com a Polónia e a 400 quilómetros da capital Kiev, Iryna tem de conter as lágrimas quando fala «da destruição da cidade, com os bombardeamentos aéreos de ontem à noite». 

«É muito assustador», lamenta. 

Na comitiva ucraniana está, de resto, um atleta homem, Mykhailo Kokhan, também especialista no martelo, que só conseguiu participar na Taça da Europa de Lançamentos porque estava em estágio na Turquia. 

«Caso contrário estava incorporado no exército, como acontece com todos os homens entre os 18 e os 60 anos», frisou Iryna Klymets, que foi a porta-voz do grupo.