O Moreirense regressa esta temporada ao escalão máximo do futebol português. Será a quarta vez que os minhotos vão estar entre os grandes, depois de três temporadas seguidas: 2002 a 2005.

Um período histórico para a formação de Moreira de Cónegos, numa altura em que a competição ainda se denominava Superliga e eram 18 as equipas que faziam parte dela.

Passados dez anos desde a primeira subida, numa altura em que se discute o alargamento do número de clubes, o Moreirense consegue a promoção dentro dos parâmetros legais e desde o início estabelecidos na II Liga.

Para trás fica uma época regular, marcada pelo melhor ataque da competição e com o objetivo, sempre definido, de subir de escalão. Mais, o Moreirense é visto como um exemplo de organização e representatividade da sua pequena freguesia de Moreira de Cónegos.

Jorge Casquilha, treinador do clube e Castro, capitão da equipa, falam ao Maisfutebol sobre a época e tudo o que rodeia o clube.

Equipa e adeptos: os mesmos valores

Numa vila com 4853 habitantes, como é possível que um clube com estádio onde cabe toda a população (o Comendador Joaquim de Almeida Freitas tem lotação para 6100 pessoas) tenha tanto sucesso? Com uma união entre adeptos e clube.

«É verdade que não temos muitos adeptos, mas como gosto de dizer, não são muitos, mas são bons», diz Jorge Casquilha. «As pessoas sentem-se orgulhosas. O clube foi crescendo e sentimos um apoio enorme mesmo longe. Em Portimão, numa segunda à noite, tivemos muitos adeptos a apoiar.»

Castro, o sobrevivente de 2005

«Demonstram carinho pelo clube, vê-se na alma da equipa e na alma da população. Estamos identificados nos mesmos valores: trabalho, humildade e capacidade de sofrimento. As pessoas gostam disso e do bairrismo que o clube representa», acrescenta Castro.

Outro fator determinante para o sucesso dos axadrezados do Minho é o seu presidente, Vítor Magalhães. «O presidente é essencial. É um homem apaixonado pelo clube. Conseguiu agrupar as pessoas à volta do Moreirense», afirma Jorge Casquilha.

«Semana em Ofir foi marcante»

O bom ambiente que se vive no clube permitiu uma época tranquila, onde os objetivos propostos inicialmente foram cumpridos.

«A relação entre futebolistas e equipa técnica é excelente. Há respeito mútuo e defendo os jogadores até às últimas. Sou amigo deles e eles sabem que podem sempre contar comigo. Também existiram poucos casos disciplinares», sublinha o técnico.

No entanto, Castro, o «orgulhoso» capitão do Moreirense recorda o estágio de pré-época, efetuado em Ofir, como o momento que deu condições para uma época que fica na história do clube.

«A primeira semana de estágio em Ofir foi marcante, pela liderança da equipa técnica e a forma como a equipa absorveu a mensagem. A vontade de subir criou um espírito muito forte de ambição e que tudo podia acontecer. Foi muito importante porque os novos jogadores absorveram a mensagem», disse Castro.

O médio de 32 anos lembra que em Moreira de Cónegos não ocorrem os mesmos problemas que existem noutros clubes: «Temos limitações financeiras, mas ninguém comete loucuras. Os jogadores estavam tranquilos e salvaguardados».

Condições fundamentais para o sucesso.