O jogo entre o Boavista e o Belenenses, realizado na última segunda-feira, ficou marcado pela morte de um adepto axadrezado, vítima de paragem cardio-respiratória. A partida nunca foi interrompida e o árbitro Elmano Santos veio dizer, já hoje, que só no final do encontro teve conhecimento do triste sucedido.
«Durante a partida não me apercebi da situação e só no fim do jogo é que tive conhecimento do que se tinha passado através de elementos ligados à organização», referiu o juiz insular à Agência Lusa, admitindo, ainda assim, que se tivesse sido informado, o encontro poderia ter sido paralisado.
«Com efeito, se tivesse tido conhecimento, e se tal me tivesse sido solicitado, poderia ter interrompido a partida de forma a criar melhores situações de apoio à vítima». Essas situações passariam sempre «pela assistência do adepto no relvado e pela criação de oportunidades de evacuação da vítima», explicou Elmano Santos.
Já no entender de Cunha Antunes, vice-presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), a interrupção do jogo «não era razoável». «Apesar da assistência junto ao relvado, a situação não implicou qualquer interveniente directo do encontro e foi tratada fora do terreno de jogo», defendeu, considerando que Elmano Santos fez bem em «alhear-se» do incidente. «Por o adepto ter sido assistido nas imediações do terreno de jogo, Elmano Santos não tinha motivos para interromper temporária ou definitivamente o encontro no Estádio do Bessa».
Bessa possuía todas as condições exigidas pela Liga de Clubes
Noutra perspectiva, Pedro dos Santos, responsável pelas relações externas do INEM, garantiu que o Estádio do Bessa possuía todas as condições exigidas neste tipo de situações. No local estava uma equipa da Cruz Vermelha composta por 18 elementos, a qual iniciou o processo de reanimação da vítima, ajudada por um médico que se encontrava na mesma bancada. O adepto reagiu bem, mas voltaria a desfalecer.
Nos minutos seguintes, deslocou-se ao recinto uma ambulância do INEM, que procedeu a nova tentativa de reanimação. Nesse momento, foi decidida a evacuação para o hospital, mas devido a nova crise as equipas clínicas optaram por levar a vítima para o relvado, onde esteve durante 20 minutos.
No Estádio do Bessa encontravam-se ainda disponíveis três ambulâncias de emergência médica situadas em locais de acesso rápido ao interior, assim como ao exterior. O estádio cumpria assim com as disposições sobre os equipamentos de emergência médica previstos no regulamento de competições (RC) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).