José Mourinho acredita no potencial do Real Madrid para os próximos anos. Numa análise ao actual plantel que agora tem nas mãos, o treinador português destaca como maior força do grupo a juventude que lhe permite construir a base de uma equipa para iniciar um ciclo que tem potencial para ser longo e dominador. Na segunda parte de uma extensa entrevista publicada esta quinta-feira no jornal italiano «Gazzetta dello Sport», Mou destaca ainda a reacção ao desaire de Barcelona e aponta a mira para a Liga dos Campeões.

«O Real Madrid tem um bom jogo ofensivo com Cristiano Ronaldo, Özil e Di Maria, uma grande organização no centro do campo com Xabi Alonso, tem boas saídas para o ataque com Marcelo¿Mas a sua verdadeira força é outra», começa por destacar o treinador português, antes de virar a agulha para a juventude do seu plantel. «A sua grande força é a perspectiva de futuro. O Ricardo Carvalho, o mais velho, tem 32 anos. Depois vem o Pepe, Casillas, o guarda-redes, com 29. Alonso tem 27. Todos os outros têm de 25 para baixo. São muito jovens e têm um futuro incrível. As outras equipas têm limites de potencial, mas este Real Madrid pode começar agora um ciclo longuíssimo», acrescentou.

Mourinho espera dificuldades diante do Lyon, na Champions, mas acredita que o Real Madrid vai seguir em frente, mas sem querer fazer dos resultados uma obsessão. «O Barcelona está feito, o Real não. Mais do que obsessão, faz falta trabalho e tempo. Já estou aqui há seis meses, já conheço muito, mas não conheço tudo. Impossível. A dimensão do Real Madrid não é comparável com outro clube no Mundo».

O treinador garante que não pretende justificar a pesada derrota consentida em Barcelona e reconhece que se o jogo tivesse mais quinze minutos, o resultado até podia ter chegado aos 7-0 ou 8-0, mas também acredita que «é melhor perder uma vez por 0-5 do que cinco vezes por 0-1». «Houve quem pensasse que era o início do fim. Mas logo de seguida houve uma reacção. Tudo somado, podemos consentir uma derrota em dezasseis jogos da Liga, seis da Liga dos Campeões e três da Taça do Rei», referiu ainda.

Entre todos os objectivos que o Real tem pela frente, Mourinho não descarta nenhum, mas há que lhe faz brilhar mais os olhos. «Uma equipa grande não pode escolher (entre um campeonato e uma competição europeia). A Liga dos Campeões é o melhor torneio que há, tem mais qualidade do que um Mundial, que tem uma dimensão político-social única, mas menos qualidade técnica. O campeonato, sem dúvida, elege sempre o melhor. Perfeito seria ganhar os dois», explicou.

Na entrevista, Mourinho lamenta ainda que o Barcelona não tenha conhecido o verdadeiro Ibrahimovic e que Wesley Snejder não esteja entre os candidatos finais há Bola de Ouro depois de na temporada anterior ter ganho tudo, recordando que Iniesta, por exemplo, «por lesão não jogou os primeiros cinco meses de 2010». «Eu ganho tudo, mas os premiados são os outros», desabafou.