Mais um Campeonato do Mundo e mais provas de que o futebol pode ter algo de genético, com filhos de antigos mundialistas a seguirem as pisadas dos pais ou de irmãos que se encontraram em campo, para jogar lado a lado ou mesmo como adversários, como vai acontecer na presente edição na África do Sul. Um fenómeno que se repete desde 1934 quando o espanhol Martin Vantolra e o francês Roger Rio subiram ao relvado, no Itália-34, quarenta anos antes dos respectivos filhos - Jose Vantorla e Patrice Rio - terem a oportunidade de fazer o mesmo no Alemanha-74.

Os casos multiplicaram-se nas últimas edições e prosseguem, agora, na África do Sul, como é bom exemplo o pai Bob Bradley, seleccionador dos Estados Unidos, que tem o filho Michael Bradley no seu plantel. O mesmo caso na selecção da Eslováquia onde F. Vladimir Weiss, que chegou a ser internacional, a ter o filho com o mesmo nome, jogador do Manchester City, entre os 23 eleitos para o Mundial. Este caso é ainda mais flagrante, uma vez que o avô de Weiss foi internacional pela antiga Checoslováquia.

Mas há mais casos de antigos mundialistas que, agora, se preparam para ver os respectivos filhos seguir as suas pisadas. São nada mais do que dezoito a dar valor ao provérbio que diz que «filho de peixe sabe nadar». Os espanhóis Pepe Reina (Liverpool) e Xabi Alonso (Real Madrid), tal como uruguaio Diego Fórlan (At. Madrid), já se tinham inserido nesta categoria. Reina já tinha feito história quando defendeu a baliza da selecção espanhola no Mundial-2006, quarenta anos depois de Miguel Reina, também guarda-redes, ter sido um dos eleitos para o Mundial-66.

Diego Fórlan, que se estreou em Mundiais em 2002, também segue as pisadas do pai Pablo que representou a selecção celeste nos mundiais de 1966 e de 1974. Xabi Alonso também duplicou o feito familiar quando jogou no último Campeonato do Mundo, tal como o pai, Miguel Angel Alonso, tinha feito no Mundial-82 em Espanha.

Em alguns casos há uma lacuna entre gerações como aconteceu com Mario Perez que representou o México no Mundial-70 quarenta anos depois do seu avô ter jogado no primeiro Campeonato do Mundo, no Uruguai, em 1930.

Boateng contra Boateng

As ligações familiares multiplicam-se no caso de irmãos que, na soma de todas as edições, já conta com 47 pares. Mas a presente edição da África do Sul apresenta um caso invulgar, com um irmão que vai defrontar o outro. Jerome Boateng e Kevin-Price Boateng nasceram em Berlim, filho de um pai ganês, mas enquanto o primeiro decidiu representar a Alemanha, o segundo optou pelo país do pai. O caprichoso sorteio da FIFA ditou que Alemanha e Gana ficassem no mesmo Grupo D e os irmãos têm encontro marcado para 23 de Junho em Joanesburgo.

Os irmãos Touré, Kolo e Yaya, da Costa do Marfim, voltam a jogar juntos depois de já o terem feito no Mundial da Alemanha. Mas nessa última edição a Costa do Marfim tinha dois pares de irmãos, com Arouna e Bakari Kone a juntarem-se aos Touré. Ainda no Mundial da Alemanha, uma referência para os irmãos Philipp e David Degen que alinharam pela Suíça.

Recuando no tempo encontramos a dupla de irmãos mais famosa da todos os tempos: Jack e Bobby Charlton. Os dois irmãos ingleses levantaram o troféu no Mundial-66 e voltaram a jogar juntos no Mundial seguinte, no México. Os exemplos mediáticos mais recentes registaram-se na Dinamarca, com Michael e Brian Laudrup, no França-98; e na Holanda, com Frank e Ronald de Boer em 1994 e 1998.

Em Portugal não há casos de familiares mundialistas. O Caso mais próximo será o de Miguel Veloso que está entre os eleitos para a presente edição, depois do seu pai, António Veloso, ter ficado de fora do Mundial-86 por uma suposto caso de doping. O antigo lateral do Benfica acabou por ser rendido por Bandeirinha antes da sua inocência ter ficado comprovada numa contra-análise.