E depois de 1958? E depois de Pelé?
Num dia histórico para o País de Gales, de volta a um Mundial 64 anos depois da primeira – e única – presença, na Súecia, onde o primeiro golo de Pelé em Mundiais afastou os galeses nos quartos de final, a equipa comandada por Robert Page demorou 45 minutos a marcar presença, mas foi a tempo de resgatar um ponto contra os Estados Unidos.
Primeiro, a resposta ao regresso foi amarga e por um apelido com história no futebol mundial. Weah. Timothy Weah, gritaram os norte-americanos, ao minuto 36.
Por fim, Gareth Bale apareceu para minimizar os estragos de uma primeira parte fraca dos galeses, ao ter na imprudência de Zimmerman a ocasião para fazer o 1-1 final de penálti, aos 82 minutos.
Os Estados Unidos entraram mais ofensivos e com mais bola – na verdade, também consentida pelo País de Gales – e o golo esteve próximo, aos dez minutos. Primeiro, um atraso de Joe Rodon, involuntário, foi salvo por Hennessey, que logo a seguir viu Josh Sargent cabecear ao poste.
A jovem – e talentosa – equipa comandada por Gregg Berhalter, que em relação à última participação (2014) tem apenas um nome repetido nos 26, DeAndre Yedlin, não criou muitas ocasiões, mas teve sempre o controlo do jogo. A linha defensiva de quatro anulou qualquer tentativa de bola na profundidade de Gales. Yunus Musah, Tyler Adams e Weston McKennie pautaram na linha média. Pulisic, Weah e Sargent iam dando notas de possível ameaça na frente.
E ela materializou-se a nove minutos do intervalo, numa bela jogada que começou com duelos ganhos a meio-campo por Musah e Sargent e acabou na arrancada de Pulisic para a finalização de Timothy Weah, jogador do Lille, à saída de Hennessey.
O pai, George, brilhou no Mónaco, PSG e Milan na década de 90, mas nunca jogou um Mundial pela Libéria (país que preside). Agora, viu o filho estrear-se e marcar. Certamente, felicidade a dobrar.
Gales raramente conseguiu ligar jogo na primeira parte, foi obrigado a jogar muito recuado num 5x3x2 – Harry Wilson foi descendo para apoiar Aaron Ramsey e Ampadu no meio – e, naturalmente, mal teve Bale e Daniel James. O último acabou rendido por Kieffer Moore para a segunda parte e o possante avançado viria, aos poucos, a ajudar na mudança do rumo do jogo.
Sem que tenha dominado o jogo, Gales cresceu, teve mais atitude e provou que quer tirar dividendos da segunda participação num Mundial. Moore deu capacidade de segurar bola, a equipa foi subindo, ganhou mais lances e a ameaça surgiu ao minuto 65: valeu Matt Turner a voar para negar o 1-1 de cabeça, a Ben Davies.
Após várias substituições de parte a parte, uma falta de Zimmerman sobre Bale, na área, originou um penálti que a estrela da companhia não desperdiçou para o 1-1, puxando Weah e os Estados Unidos das nuvens e de uma primeira parte superior.
Vibraram os galeses e, por certo, Terry Medwin, que dos seus vivos 90 anos pôde ver,- ao fim de 23.533, o seu sucessor galês em golos num Mundial. Isto depois de ter colocado a sua seleção, a 17 de junho de 1958, nos quartos de final, na vitória por 2-1 ante a Hungria.
O desfecho deixa as duas seleções com um ponto e a Inglaterra na liderança, fruto da goleada dos homens de Gareth Southgate ao Irão, por 6-2.