Falar em tratado de bola será excessivo, mas a goleada aplicada ao Maastricht confirmou hábitos há muito adquiridos e boas novidades. O F.C. Porto marcou seis golos, podia ter marcado mais, e isso nem sequer é o mais relevante.

Com dez dias de trabalho, já é possível garantir que a equipa transportará para a nova época o ADN idealizado por Vítor Pereira: pressão muito alta, alta percentagem na posse de bola, futebol paciente e giratório, a entontecer o adversário.

As diferenças são subtis e prendem-se, sobretudo, com a movimentação dos três médios. Paulo Fonseca parece decidido a aproximar Lucho mais do ponta-de-lança (o estreante Ghilas no primeiro tempo) e a dar mais apoio ao homem da posição-seis.

Castro teve sempre Josué por perto, tal como Fernando no segundo tempo com Steven Defour. O resto, leia-se os golos, surgiram como consequência lógica de um domínio absoluto, por vezes ditador, mesmo que a velocidade tenha sido barrada pelas pernas pesadas e a relva alta.

Ghilas e Alex Sandro em plano de destaque

Falávamos de Ghilas dois parágrafos atrás e regressamos a ele. Por ter feito o segundo golo, após o primeiro de Varela num pontapé acrobático, e por ter dado marcar o terceiro a Castro. Entre um e outro momento, o argelino foi tudo aquilo que já se sabia: um poço de força e entrega total.

Nesta primeira parte, outro homem merece uma palavra importante. Nem por ser o único lateral esquerdo de raiz Alex Sandro facilita. O brasileiro tem uma relação de confiança fraterna com a bola e já consegue fazer o corredor todo. Fintou, tabelou e fez cruzamentos. Muito bem.

Tudo isto, naturalmente, foi feito perante uma equipa débil e limitada ao seu posicionamente defensivo. O Porto, sempre em rotações amenas, fez do jogo o que quis. Serviu-se e serviu os seus intentos para este período da época. O caminho está traçado e é seguro.

Iturbe e Tiago Rodrigues entram bem

Para o segundo tempo, Fonseca mudou dez homens e lançou mais tarde Juan Iturbe e Tiago Rodrigues. Curiosamente, os dois jovens agarraram bem os minutos concedidos, mostraram irreverência e vontade de vincar espaço entre as escolhas.

Jackson fez um golo fantástico de cabeça, após passe longo de Otamendi, Iturbe transformou um penalty no 0-5 e Izmaylov, algo complicativo, fechou as contas nos derradeiros suspiros. Helton, Hector Herrera e Diego Reyes foram os únicos atletas não utilizados.

No sábado o adversário será o Marselha e as facilidades nulas. Esta etapa foi cumprida com critério e segurança. Mesmo que não tenha dado para rubricar um tratado histórico.

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FICHA DE JOGO:

MVV Maastricht: Castro; Verdellen, Knops, Stankov, Rutjes, Hyfte, Labylle, Braken, Veldmate, Ospitalieri e Njengo.

F.C. PORTO (1ª parte): Fabiano Freitas; Danilo, Maicon, Abdoulaye e Alex Sandro; Castro, Lucho e Josué; Varela, Licá e Ghilas.

F.C. PORTO (2ª parte): Kadu; Fucile, Otamendi, Mangala e Alex Sandro (Juan Iturbe, 56); Defour, Fernando e Carlos Eduardo (Tiago Rodrigues, 75); Kelvin, Jackson e Izmaylov.

GOLOS: Varela (22), Ghilas (23), Castro (30), Jackson (54), Iturbe (65, g.p.) e Izmaylov (88).