Nacional da Madeira e Benfica empataram a dois na Choupana, num jogo que teve alterações no comando do marcador, artistas cheios de talento e uns minutos finais escaldantes.

Machado e Jesus voltaram a não se cruzar no final do encontro, mas foi o Nacional quem teve força e ambição para regressar ao jogo na segunda parte depois de, no primeiro tempo, ter sido vergado durante largos minutos.

Nesta autêntica guerra dos mundos, o professor (Manuel Machado) armadilhou a seu pelotão com médios de cariz defensivo até aos dentes e, em abono da verdade, os madeirenses conseguiram impor a sua lei nos primeiros minutos. Sem surpresa, por isso, conseguiram chegar à vantagem, através do criativo Diego Barcelos (6m), numa jogada que apanhou a retaguarda encarnada toda em contra-pé.

A vantagem madrugadora dos insulares não apanhou ninguém de surpresa, mas, ao invés, resultava de um ataque feroz às redes encarnadas. Tanto que, já antes, os adeptos alvinegros tinham gritado golo, por duas vezes, mas nem Barcelos (3m) - aproveitando uma fífia de Luisinho e Artur - nem Keita (5m) conseguiram fazer explodir a granada dentro da baliza do Benfica.

Passada a turbulência inicial vivida no campo de batalha do adversário, reagiu o general catedrático (Jorge Jesus), com correcções ao nível da estrutura, e, finalmente, o Benfica conseguiu entrar em jogo. Ainda assim, o regresso dos vice-campeões nacionais ao jogo só se deu com uma traição de Mexer (15m), soldado mais recuado do pelotão montado por Machado, que confundiu a sua trincheira com a adversária e colocou a bola na própria baliza.

Com a confiança de estar de volta à discussão da batalha, a armada encarnada diversificou a busca pelo golo que chegou através de um míssil teleguiado de Urreta (36m), na conversão de um livre directo, que atingiu em cheio no alvo (o fundo da baliza do Nacional) e consumou a cambalhota no marcador.

Após aqueles minutos de aflição, sublinhe-se, os encarnados foram (quase) sempre melhores que os madeirenses e criaram, inclusivamente, mais um par de ocasiões de perigo junto à área de Gottardi, mas os comandados por Jesus acabaram mesmo por regressar à base, leia-se balnerários, com a vantagem mínima no bolso.

Profeta Mateus entrou para assinar igualdade

Sentado confortavelmente na vantagem alcançada nos últimos dez minutos da primeira parte, o técnico encarnado alterou a estratégia e prescindiu de um homem da frente (Rodrigo) para lançar um estratega (Gaitán). A reformulação até surtiu efeito com o Benfica a criar duas incursões de perigo até à baliza madeirense, através de Urreta (47m) e Enzo Perez (49m), mas, no entanto, sem conseguir efectivar em golos a superioridade ofensiva.

Sem os mesmos argumentos, Manuel Machado teve fé e lançou Mateus que, pouco depois, escreveu, com o pé direito, o evengelho da igualdade madeirenses (52m), numa jogada construída por Candeias. Foi o toque que obrigou Jesus a recorrer ao seu goleador-mor, Cardozo, para atacar, em definitivo, os três pontos.

O Benfica passou a olhar mais para a frente do que para trás e, por isso, construiu lances de perigo: Garay (55), Cardozo (73m e 80m) e Lima (78m) estiveram perto de devolver aos encarnados a vantagem no marcador. Mesmo a bater contra a parede, as águias não desistiram e, em cima do apito final, Salvio (87m) e Karec (92m) tiveram o golo à mercê, mas não foram eficazes.

O jogo acabou aí: três expulsões (Cardozo, Marçal e Matic), garrafas atiradas para o relvado e petardos que quase fizeram esquecer o grande jogo de futebol que se realizou na Choupana. Infelizmente.