Este é um fim de semana especial para Manuel Machado. O técnico alvinegro cumpre, amanhã, o 300º jogo com a braçadeira de técnico principal na I Liga, frente ao Vitória de Guimarães, o seu clube de sempre, com o Moreirense também em acão na Região. Alinharam-se os astros e o professor prepara-se para entrar numa galeria muito restrita do futebol português próximo dos seus «três amores».

«Estão na Ilha os meus três grandes afetos. Além do Nacional, que represento e com quem tenho uma ligação muito grande, está o Vitória de Guimarães, a quem servi durante 21 anos enquanto profissional e mais 10 enquanto praticante. São três décadas de ligação e mais do que isso como associado. Por coincidência também está cá o Moreirense, um clube ao qual muito devo e que me permitiu ter projeção enquanto técnico principal. Estão cá, digamos, os meus três grandes amores», recordou feliz pelo contexto que envolve o marco na sua carreira.

Seja como for, amanhã, quando começar o jogo, os sentimentalismos ficam trancados no balneário. Até porque o diagnóstico da entrada com pé esquerdo na Liga está mais do traçado e é imperativo recuperar os três pontos que voaram em cinco escassos minutos no António Coimbra da Mota.

«Espero sobretudo que não haja hiatos ao nível daquilo que é a concentração necessária para os 90 minutos. Foi isso que nos penalizou na primeira jornada do campeonato. O jogo no Estoril foi equilibrado, tivemo-lo até a nosso favor quando nos adiantamos no marcador. As coisas estavam a jeito e tivemos três ou quatro momentos para definir de uma forma mais clara o placar. Não o fizemos e houve cinco minutos de desconcentração total aproveitados pelo Estoril. Não é normal, mas já tinha sido assim na última época, e para evitar situações semelhantes os níveis de concentração têm de ser continuados» avisa o professor, de 57 anos, recusando a ideia de revolução no onze depois do desastre na Amoreira.

Olhando de frente para o adversário de amanhã, Manuel Machado não acredita que os vitorianos valham pelas individualidades, embora o reforço Moussa Maazou tenha impressionado em frente à baliza. Conhecedor, como poucos da realidade minhota, o técnico dos insulares acredita que a força do vitória reside no conjunto que é, aliás, uma das imagens de marca do clube.

«Penso que o Vitória de Guimarães vale pelo seu todo, não tem expoentes. De facto apareceu um jogador que se diferenciou na última jornada. Era desconhecido do nosso mercado e mostrou ter capacidades na finalização que podem fazer dele uma referência na prova se mantiver a regularidade. Acredito que o Vitória vale por ser compacto, por sentir muito a camisola, ter uma massa adepta que empurra a equipa, mas o que me preocupa é, de facto, o coletivo», rematou o técnico numa análise ao atual detentor da Taça de Portugal.