O médio Sekou Baradji vai enviar nesta segunda-feira à Naval a resposta à nota de culpa na sequência do processo disciplinar que lhe foi instaurado a 4 de Fevereiro. Num documento ao qual o Maisfutebol teve acesso, o jogador conta que estava autorizado, pelo próprio treinador e com os colegas por testemunhas, a faltar ao primeiro treino após o jogo com o Belenenses, a 31 de Janeiro.
A razão da dispensa ficou a dever-se a um problema familiar, agora revelado: «Devia imperativamente ajudar a minha mãe numa urgência mas não o podia fazer porque, nessa altura, uma grande parte dos meus salários desde o início da época não tinham sido pagos e não tinha recebido nada desde Novembro de 2009. A única pessoa habilitada a ultrapassar estas questões era o presidente do clube.»
O jogador conta que tentou por diversas vezes chegar à fala com Aprígio Santos, por intermédio dos representantes, chegando inclusive a deslocar-se ao estádio para uma reunião previamente agendada mas à qual o dirigente não compareceu. No entretanto, considera que o clube estava ao corrente do seu problema e, como tal, estaria dispensado dos treinos por não ter condições para trabalhar.
Sequestrado no armário dos equipamentos
No dia a seguir ao jogo com o Pinhalnovense, a 4 de Fevereiro, depois de manifestar o desagrado pelas tentativas infrutíferas de falar com o presidente, Baradji diz que foi impedido de treinar pelo director desportivo Nuno Cardoso, e, «com a cumplicidade de José Ferreira [director geral]», foi trancado na divisão do estádio onde são guardados os equipamentos. «Estas duas pessoas decretaram que representavam a lei no clube e que podiam, assim, sequestrar-me, o que eu naturalmente recusei. O tom subiu e quiseram até ligar para a polícia quando a vítima era eu», afirma o jogador.

Já no parque de estacionamento do estádio, o advogado do clube, Nuno Mateus, entrega a Baradji o documento onde lhe é instaurado o processo disciplinar e estabelecida a suspensão com posterior envio da respectiva nota de culpa. «Acusam-me de comportamento violento mas nunca fui sancionado anteriormente, nem mesmo repreendido, o que demonstra que o meu comportamento foi sempre irrepreensível. Os prejuízos que sofri são muito graves pois, enquanto jogador profissional, não posso estar vários dias sem jogar futebol em plena época e o que o clube me está a infligir não é mais do que sofrimento físico e moral», considera o médio franco-marfinense.
Quem tem justa causa para rescindir?
Sobre os salários em demora, Baradji diz que, enquanto se encontrava suspenso, teve de pedir autorização para ir ao estádio recolher um cheque, relativo ao mês de Dezembro de 2009. O jogador afirma, no entanto, que os restantes valores em atraso desde o início da temporada continuam por liquidar. E é com base nesses atrasos que termina com a promessa de rescindir contrato caso os montantes em causa não lhe sejam pagos o mais rapidamente possível.
É também a rescisão, neste caso por justa causa, que o clube pede como medida disciplinar mais dura para o atleta, evocando como motivos um comportamento violento que teria passado, inclusive, por ameaças a Augusto Inácio e ao director José Ferreira. Além disso, relembre-se que esta não foi a primeira vez que Baradji mostrou falta de profissionalismo.
Quanto aos ordenados em atraso, o Maisfutebol já anteriormente tinha apurado junto de várias fontes que tudo estará em dia - o clube cumpriu, inclusive, os pressupostos financeiros para poder inscrever novos jogadores em Janeiro -, pelo que apenas alguns prémios continuam por saldar.