Estiveram todos no Mundial 2002, jogaram nas melhores equipas do mundo, foram jogadores de elite, estiveram quase sempre nos melhores onzes da época da sua geração e agora surgem numa nova vaga de treinadores, fazendo-se valer da vasta experiência nos relvados para tentarem fazer a diferença a partir do banco de suplentes, dirigindo equipas.

Os novos técnicos que surgem em várias equipas dos principais campeonatos europeus são nomes conhecidos, habituámo-nos a admirá-los pela mestria que apresentavam com a bola nos pés, cada um na sua posição.
Claude Makelele, Willy Sagnol, Luis Enrique, Sergio Gonzalez, para além de Simeone, Pochettino, Montella, Paulo Bento ou Sérgio Conceição. Todos eles quiseram prolongar a sua carreira no futebol através do caminho mais natural, passando a técnicos principais.

O perfil é comum: têm entre 37 e 44 anos, foram internacionais pelos seus países, representaram grandes clubes e são agora técnicos de equipas com grandes ambições. Entre os vários nomes é possível encontrar outro ponto de contacto: estiveram no Campeonato do Mundo da Coreia e do Japão.

Claude Makelele ( novo treinador do Bastia) e Willy Sagnol ( novo treinador do Bordéus) faziam parte da seleção francesa que chegou à Ásia como detentora do título mundial, mas acabaria por ser eliminada na primeira fase quando integrava o grupo da Dinamarca, Senegal e Uruguai, sem marcar um único golo. Os dois jogadores foram, porém, muito felizes nos clubes que representaram: Makelele (41 anos), foi campeão inglês no Chelsea, foi campeão francês pelo Nantes, campeão espanhol e campeão europeu pelo Real Madrid. Na apresentação foi simples: «É um desafio difícil, mas sinto-me preparado. Vou levar a minha experiência e sede de futebol».  Sagnol (37 anos) viveu os seus melhores anos no Bayern Munique, onde foi cinco vezes campeão alemão e uma vez campeão europeu, entre muitos outros títulos, para além de ter sido campeão francês pelo Mónaco.

Ambos agarram agora a primeira experiência como treinadores principais de equipas da Liga francesa, sendo que Sagnol tem a responsabilidade de tentar dar um novo alento ao Bordéus, depois de ter passado pelos setores de formação da Seleção francesa, e Makelele vai liderar o mais modesto Bastia após três anos como adjunto no Paris Saint-Germain.



Um outro nome que pode ter a sua primeira oportunidade é
Pippo Inzaghi (40 anos), apontado pela Gazzetta dello Sport como novo técnico do AC Milan. O ex-avançado estava nos sub-20 do clube e assume-se agora como a solução para revitalizar o gigante italiano depois da aposta falhada em Seedorf. Internacional italiano, também ele esteve no Mundial da Coreia e Japão, mas não marcou nenhum golo. Como um dos companheiros de ataque estava Vincenzo Montella (39 anos), atual treinador da Fiorentina a e outro ex-jogador com uma vasta experiência em grandes clubes, campeão pela AS Roma em 2001.

Outro nome que surgiu como novo treinador de um clube importante é Mauricio Pochettino (42 anos), anunciado esta terça-feira que vai orientar o Tottenham. Depois das experiências no Espanhol e no Southampton, o ex-internacional argentino vai ter o maior desafio da carreira como técnico principal. Também ele representou grandes clubes e esteve no Mundial de 2002 ao lado de Diego Simeone (44 anos), o treinador da moda recentemente campeão em Espanha. Apesar de contar com grandes jogadores, como Zanetti, Verón, Aimar, Batistuta ou Crespo, a Argentina de Marcelo Bielsa não passou a fase de grupos, tendo como adversários a Suécia, a Inglaterra e a Nigéria.

Os mesmos terrenos (e até os mesmos campeonatos) foram percorridos por Luis Enrique e Sergio González. O primeiro tornou-se numa figura do Barcelona (depois de ter estado no Real Madrid) e da seleção espanhola, regressando ao Nou Camp aos 44 anos para ocupar o cargo de treinador principal após um ano terrível para o clube e depois de experiências na Roma e no Celta de Vigo. O segundo vai ser técnico pela primeira vez, aos 37 anos, na outra equipa da cidade condal, o Espanhol, depois de ter orientado a equipa B. Como jogador teve como momentos altos as duas taças de Espanha que conquistou, mas também ele esteve no Mundial ao lado de Luis Enrique, num Campeonato em que a Espanha viria a ser eliminada nos quartos-de-final pela Coreia do Sul.

Da seleção do Brasil, que viria a sagrar-se campeã do mundo em 2002, emerge Roberto Carlos, que na última época teve a sua primeira experiência como treinador no Sivasspor, da Turquia. Aos 41 anos, e depois de ter sido primeiro adjunto e depois coordenador técnico do Anzhi, o pé canhão conseguiu colocar a equipa nos lugares europeus e mostrou que o seu trajeto passará mesmo pelo regresso ao cheiro da relva, mas agora a partir do banco.



Falta falar de Portugal e nessa Seleção de 2002, que acabou por ser de péssima memória, figuravam vários jogadores que hoje em dia são treinadores importantes. São os casos de Paulo Bento (44 anos), Rui Jorge (41), Jorge Costa (42), Sérgio Conceição ( novíssimo treinador do Sp. Braga aos 39 anos), Paulo Sousa (43) e até Petit (37), este último de regresso à I Liga devido à subida administrativa do Boavista. Naquela equipa que viria a ser eliminada na fase de grupos após defrontar a Polónia, os Estados Unidos e a Coreia do Sul estavam outros nomes inesquecíveis, mas que viriam a assumir outro tipo de cargos no mundo de futebol, como Vítor Baía, Figo, Rui Costa, João Vieira Pinto e Pauleta.

Pertencentes à mesma geração, mas que não marcaram presença nesse Mundial e que agora são treinadores em clubes com grandes ambições são Pedro Emanuel (39 anos), Nuno Espírito Santo (40 anos) e Marco Silva (36 anos), para já não falar de Guardiola (43 anos), considerado nos dias de hoje um dos melhores treinadores do mundo e um técnico vencedor depois de ter sido um grande jogador de futebol.

Uma vaga imparável que está a mudar o futebol