O que este derby nos apresentou?
1. Estádio cheio com 62.553 adeptos. Excelente comportamento dos adeptos do Benfica a puxarem pela sua equipa, mas a falange de adeptos do Sporting não ficou atrás. Fizeram-se notar. O futebol é também este colorido dado pelos adeptos num jogo que decorreu sem problemas
2. Benfica forte, com maturidade a revelar qualidade e eficácia onde tudo realmente se decide. Os golos são o reflexo disso.
3. Sporting bem organizado, com personalidade mas a faltar-lhe capacidade para decidir nos últimos 30 metros.
4. Este derby merecia melhor arbitragem. Jogo com casos polémicos e más decisões. João Capela usou de um critério largo (como se costuma dizer) e este é para mim um comportamento que deve ser utilizado pelos árbitros, interrompendo menos vezes e com isto aumentar o tempo útil de jogo mas esta gestão do jogo tem de ser feita correctamente. Actuar desta forma não significa que não tenha de marcar as faltas que têm de ser marcadas e não aja disciplinarmente com aqueles que têm entradas à margem da lei. Assistiu-se a incoerência nas decisões e por isso uma má arbitragem. Maxi Pereira terminar o jogo sem amarelo é surpreendente e revela no fundo a infeliz actuação de uma forma global de João Capela.
5. Momento do jogo: minuto 36
O golo de Sálvio deu vantagem ao Benfica. Sem nada o fazer prever, e merecer, foi o clique para uma mudança de comportamento da equipa.
6. Jesus ultrapassou a etapa de montanha. Venceu e vê cada vez mais perto a possibilidade de ser campeão. Este jogo assumia um momento importante para a confiança e demonstração de força da equipa. Não foi dos melhores jogos e aqui mérito para o Sporting mas a qualidade individual dos seus jogadores foi determinante para a resolução do jogo. O Benfica voltou a revelar dificuldades quando o adversário não permite que jogue como gosta e lhe retira espaço. Controlando e limitando Matic, o início de construção não sai como habitual e o jogo directo para Cardozo e Lima não é alternativa como se verificou. A verdade é que após algumas dificuldades sentidas, surge um golo e com isso uma mudança na intensidade, na agressividade e na forma mais rápida e galvanizadora como a equipa se comporta.
7. Jesualdo Ferreira saiu derrotado da Luz mas tem tido um discurso e uma postura de vencedor. A organização que o Sporting apresentou, a abordagem que fez e a forma personalizada que demonstrou revelam o trabalho de qualidade que tem feito. É certo e Jesualdo tem essa consciência que o trabalho feito é apenas um pequeno percurso daquilo que falta percorrer até se atingir um Sporting forte e preparado para as maratonas. Mas depois da desorganização, do caos que a equipa viveu e apresentou é bom ver um caminho e ter o tempo para ir consolidando e atingir outros níveis competitivos. Nem todos os problemas estão resolvidos e aquele último terço ofensivo tem muito para melhorar. Só assim as vitórias podem surgir com a regularidade pretendida.
8. Movimentação nos bancos. Jesualdo foi seguro nas substituições, privilegiando a organização. É certo que as lesões não ajudaram mas esperava por Carrillo nos últimos 16 minutos. Jesus tem um onze forte e alternativas válidas e num momento de alguma fragilidade e dificuldade soube mexer bem. A entrada de Ola John voltou a equilibrar a balança e consolidou mais tarde com André Gomes.
9. Estreias no derby: o primeiro para os jovens Dier, André Martins, Ilori e Bruma. Todos eles com exibição segura e personalizada, a mostrar que um jogo desta natureza não os intimidou. Venham mais, parecem dizer estes jovens.
P.S. : A quatro jornadas do fim o Paços de Ferreira tem garantida a melhor classificação de sempre da sua história. Parabéns mas o sonho ainda não acabou. Luta tremenda pelo lugar europeu que falta e pelos dois que descem. Cinco equipas lutam desesperadamente pela salvação. Que final de Liga!!!